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Ana Amélia Vieira

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Itapecerica, a cidade da religiosidade, das rosas e da música; a cidade em que eu vivo. A música erudita e a música sacra; Beethoven e Heitor Villa Lobos; Setenários, Matinas de Natal e concertos: tudo isso resume a vida musical da cidade. E como uma autêntica itapecericana tenho a música dentro de mim. Meu texto dessa semana será exatamente sobre isso. Minha história com a música.

Quando tinha oito anos, a escola de música da minha cidade foi até minha escola para fazer uma apresentação e comunicar que as inscrições para as aulas de teoria musical estavam abertas. Quando ouvi os primeiros acordes daquela apresentação já soube de cara o que eu queria. Eu queria aprender música, queria tocar um instrumento. Falei isso para minha mãe e ela me deu o maior apoio. Assim, iniciei as aulas. A cada dia me apaixonava por uma coisa diferente.

O ritmo, o tempo, a pulsação. Tudo o que era necessário para se ter uma música. Foi aí, que minha professora de teoria, que também dava aula de violoncelo, levou para minha turma o instrumento para que conhecêssemos. Lembro-me que me apaixonei pelo instrumento no mesmo momento que o vi e ouvi. Então, comunicaram-me que eu já podia tocar a flauta-doce, mas ao contrário dos meus colegas eu já tinha em mente o caminho que queria seguir e fui a primeira da minha turma a ter um instrumento de verdade.

Depois de três anos de iniciação musical, enfim pude começar minhas aulas de violoncelo. Mas, a banda em que eu estava tinha apenas sopros, por isso passei a frequentar também a orquestra de minha cidade. Mais tarde tentei tocar clarineta, porém não me adaptei e tive ainda mais certeza que possuía vocação para instrumentos de corda.

Estudo música há seis anos. O violoncelo, particularmente, há três. O violoncelo é o instrumento que mais se aproxima da voz humana e é fantástico o simples fato de que com apenas algumas notas eu consiga tocar uma melodia incrível.

São muitos os compositores que admiro, porém um deles é especial: Johann Sebastian Bach. Suas suítes para violoncelo são maravilhosas e seus minuetos são excepcionais.

Como estou falando de música, não teria como não citar a pessoa fundamental para que minha cidade tivesse acesso a essa forma de expressão tão sensacional: Dom Sebastião Roque Rabelo Mendes, mais conhecido como Dom  Zicó. Ele é fundador da orquestra que leva seu nome. A melhor pessoa que conheço. Aos oitenta e quatro anos, ele acompanha a orquestra em suas apresentações e fica emocionado ao ver a evolução de cada uma das partes que formam uma equipe. Sempre está disposto a ajudar com o que precisa. Seu pai, era maestro, compositor e  tocava violoncelo,  sua casa parece um santuário para os amantes da música erudita.

Hoje, não consigo imaginar como minha vida seria sem a música. Não consigo achar palavras para explicar o que eu sinto quando escuto Bach ou Beethoven ou Vivaldi. Enquanto escrevia esse texto ouvi todos esses compositores mais Mozart e Heitor Villa Lobos. Cada uma dessas músicas tem uma história e é isso o mais legal da música. Você não toca somente algumas notas. Dentro daquelas notas existe uma história, um sentimento conhecido apenas pelo compositor. Quem nunca se identificou com a letra de uma música???

A música é uma mistura de magia, beleza e emoção. É muito mais que um simples entretenimento. Beethoven dizia que: “A música é a revelação superior a toda sabedoria e filosofia.” Para mim os maiores gênios da história foram músicos.

Enfim, a música é uma das paixões da minha vida (as outras são a leitura e a escrita). E, assim como diz Ray Charles: “Eu nasci com a música dentro de mim. Ela me é tão necessária quanto a comida ou a água.” E a sua paixão, qual é?