Ex-bombeiro perde todo o salário em vício em apostas online e alerta sobre os riscos do problema que cresce no Brasil, afetando famílias e colocando crianças em perigo.
No silêncio da madrugada, enquanto a cidade dormia, João Antônio, de 59 anos bombeiro militar aposentado, com trabalhos marcantes, por exemplo no incêndio que atingiu um prédio no centro de Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas, em 2000, enfrentava as consequências do vício em apostas online.
Estava diante da tela do celular, aguardando ansioso o resultado de uma aposta online esportiva. O coração acelerava a cada segundo. Ao seu lado, sua esposa dormia sem saber que, naquela noite, ele perderia todo o salário do mês.
Assim como João, milhares de brasileiros enfrentam um problema crescente: o vício em jogos de azar, que destrói lares e compromete o futuro de muitas famílias.
O perigo invisível dentro de casa
O avanço da tecnologia transformou o acesso aos jogos de azar, tornando o vício em apostas online uma ameaça crescente dentro dos lares brasileiros. Se antes era preciso ir a um cassino clandestino ou lotérica, hoje, com poucos cliques, qualquer pessoa pode jogar de casa, muitas vezes sem que a família perceba.
Segundo João, ele começou jogando em aplicativos de celulares que simulavam cassinos. No início, parecia uma simples diversão.
Mas, ao perceber que poderia ganhar dinheiro, passou a usar o cartão de crédito, sem que sua esposa soubesse. Em dois meses, gastou mais de R$ 11 mil.
“Foi um choque, nunca imaginei que pudesse me envolver com isso”, lamenta João, que precisou buscar ajuda psicológica.
Segundo especialistas, o vício em jogos ativa os mesmos mecanismos cerebrais da dependência química.
A cada aposta, o cérebro libera dopamina, proporcionando uma sensação de prazer. Com o tempo, a necessidade de jogar aumenta, levando a perdas financeiras e emocionais irreparáveis.
O impacto na família
Para quem está de fora, pode parecer apenas uma escolha errada. Mas, para as famílias, a realidade é cruel. O vício em apostas online causa endividamento, destrói relacionamentos e gera sofrimento emocional para toda a família.
O ex-Bombeiro viu sua casa se transformar em um campo de guerra quando perdeu o controle das apostas.
“Eu comecei jogando apenas R$ 20. Depois, passei a tirar dinheiro de contas, das compras do mês, usar o cartão de credito. No final, devia mais de R$ 11 mil, meu casamento quase não resistiu”, conta.
A situação é ainda mais preocupante quando envolve crianças e adolescentes devido a falta de monitoramento dois pais
“Muitos pais não monitoram o que os filhos fazem no celular. Eles baixam aplicativos de jogos que parecem inofensivos, mas incentivam apostas. Quando percebem, o estrago já está feito”, alerta a psicóloga Renata Gomes.
Superação
Apesar do cenário preocupante, é possível vencer esse problema e superar esse problema. João acumulando dividas e decidiu buscar ajuda.
“Foi difícil admitir que estava doente. Eu sempre achava que poderia parar quando quisesse. Mas só percebi o estrago quando quase perdi meu casamento e meu filho”, conta.
João procurou um grupo de apoio. Além disso, buscou ajuda psicológica e, com o apoio da família, especialmente de sua esposa, está, enfim, reconstruindo sua vida.
“Aprendi a valorizar o que realmente importa. Hoje, prefiro investir meu tempo e dinheiro na minha família.”
Possíveis soluções para o vício em apostas online
A luta contra a dependência em jogos exige conscientização e medidas efetivas. Por isso, especialistas apontam algumas soluções:
- Diálogo em família: Falar abertamente sobre os riscos do vício pode evitar que crianças e adolescentes entrem nesse mundo.
- Monitoramento digital: Pais devem acompanhar o que os filhos acessam na internet e limitar o uso de aplicativos de jogos.
- Busca por ajuda profissional: Psicólogos e grupos de apoio podem ser essenciais para quem já desenvolveu o vício.
- Regulação mais rígida: Governos precisam criar leis mais severas para restringir o acesso de menores a jogos de azar e impedir que propagandas sejam direcionadas ao público jovem.
O valor do que realmente importa
Apostar pode parecer inofensivo no começo, mas o preço a pagar pode ser alto. Lares desfeitos, sonhos destruídos e crianças expostas a um perigo silencioso são consequências reais.
“Família e jogos de azar não dão certo, o maior prêmio que podemos ganhar na vida é estar ao lado de quem amamos, sem mentiras, sem vícios, sem destruição”, conclui a psicóloga Renata Gomes.
O caso de João Antônio não é um caso isolado, ele aceitou a falar com a reportagem do PORTAL GERAIS, em sua casa, na manhã deste sábado (01/02), para alertar dos perigos envolvidos em jogos sejam online ou não.
A única condição que ex-bombeiro com atuações marcantes, fez ao a nossa equipe foi que não usássemos sua foto e nem expor o nome de sua esposa, pois essa é primeira vez que ele relatou o caso fora da família.