Simonides Quadros foi indiciado pela Polícia Civil acusado de desviar R$1 milhão do clube usando notas fiscais frias
Ilídio Luciano
Após dois anos de investigações, a Polícia Civil de Divinópolis indiciou Simonides Quadros, ex-presidente do Divinópolis Clube, na gestão 2009-2012, por concluir que ele é responsável pelo desvio de R$1 milhão.
Segundo dados apresentados pela delegada Adriene Lopes, em um processo contendo cerca de 1,2 mil páginas, divididas em seis volumes, cada uma com 200, Simonides emitia notas fiscais “frias”, e utilizava nomes de pessoas, como se fossem prestadoras de serviços na sede social do clube.
“Esse dinheiro foi depositado na conta particular do ex-presidente do Divinópolis Clube, bem como da filha dele”. Para compensar essas retiradas, ele fazia notas fiscais frias, descrevendo serviços de construção, como pedreiro, eletricista, encanador; serviços estes que nunca foram executados na sede campestre do clube”, explana.
Uma das vítimas do golpe, segundo a delegada, é um idoso de 84 anos, que é aposentado pelo INSS por invalidez. A fim de aumentar a renda familiar, ele recolhe latas de alumínio. Este senhor tentou fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), do Governo Federal, mas por conta do valor que constava nos arquivos do órgão sobre o que ele teria recebido como funcionário do clube, a ajuda federal não foi concedida.
“Esse senhor tem uma filha deficiente, e ele foi pedir junto ao INSS o BPC para a filha dele; quando o INSS verificou os dados, o pedido foi indeferido, porque constava que ele teria recebido R$100 mil entre os anos de 2009 e 2012, como se ele fosse funcionário do Divinópolis Clube”, comenta.
Adriene contou que não há provas contra outras pessoas que também poderiam ter participado do esquema de desvio de recursos do clube, apenas segundo ela, houve negligência de quem assinava os cheques com o ex-presidente.
“Não há provas contra outras pessoas, o que entendemos é que houve negligência. A filha do ex-presidente, em depoimento afirmou que ganhou do pai um carro, mesmo ela não dirigindo, e também um imóvel, todos dados a ela como presente. Soubemos também que o tesoureiro do clube, quem também assinava os cheques é cunhado do ex-presidente, no entanto não há provas da participação deles no esquema”, esclarece.
Simonides foi indiciado e responderá sobre os crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, estelionato e falsidade ideológica.
“O inquérito foi concluído após dois anos de investigação, há provas técnicas contábeis, provas testemunhais, depoimento das vítimas, que tiveram os nomes usados como “laranjas”, o caso vai para a Justiça para ser analisado pelo juiz e pela Promotoria”, conclui.
Por entender que Simonides Quadros não oferece risco de fuga, a Polícia Civil não pediu a prisão preventiva dele, mas apresentou à Justiça o resguardo dos bens do ex-presidente do Divinópolis Clube.