Flávio Marra exibe áudio durante pronunciamento (Foto: CMD/Divulgação)

Investigação foi arquivada após juiz negar apreensão de celulares; Outras 2 pessoas disseram que devolviam salário para ajudar projeto social

O vereador de Divinópolis Flávio Marra (Patriota) foi denunciado ao Ministério Público (MP) por suposta prática de rachadinha. A representação foi feita por um ex-servidor terceirizado da câmara.

Com base na denúncia, a 3ª Promotoria de Justiça em Divinópolis, responsável pela Defesa do Patrimônio Público, instaurou procedimento investigatório no dia 25 de maio. Porém, segundo a assessoria do órgão, o procedimento já foi arquivado no dia 04 de junho.

 Diligência indeferida

O juiz da primeira Vara Criminal Ivan Pacheco indeferiu a diligência investigativa solicitada pelo Ministério Público.

“É indispensável para o avanço das investigações”, informou por meio da assessoria o MP.

O promotor Marcelo Valadares Lopes Rocha Maciel solicitou a apreensão de celulares do parlamentar e de quatro pessoas, todos servidores terceirizados.

Entretanto, o magistrado entendeu que o material obtido até o momento não era suficiente para justificar uma diligência mais evasiva.

“Queríamos ter avançado nas investigações, porém o judiciário teve outro entendimento”, disse o promotor.

O ex-servidor terceirizado atuava como fotógrafo da câmara. Ele procurou o Ministério Público após ser demitido. A justificativa para a demissão seria um desacordo com o vereador que o teria indicado para o cargo.

Devolução

A rachadinha é um ato ilícito que obriga um servidor público a devolver parte do salário ao contratante, que no caso é o vereador.

O ex-servidor apresentou uma mensagem de celular como prova ao MP e alegou que devolvia R$300 por mês. Foi feito um print da tela e anexado ao procedimento. Entretanto, segundo o promotor, apenas ela não é suficiente para dar sequência à investigação sem a diligência necessária.

Quatro pessoas foram ouvidas. Outras três delas também terceirizadas da câmara e que, supostamente, devolviam dinheiro. Nenhum assessor direto foi apontado como envolvido no suposto esquema.

Duas delas teriam confirmado o que foi chamado de “contribuição”. Entretanto, alegavam que esse repasse era feito para ajudar um projeto social. O outro ouvido disse não contribuir.

As supostas devoluções de parte do salário, conforme apurado pelo PORTAL GERAIS, chegam a R$600.

Demissão

Assessoria de Comunicação da Câmara informou que, apesar do fotógrafo integrar a equipe dela, ele era contratado pela empresa terceirizada e que apenas foi comunicada sobre o desligamento.

A reportagem tentou contato com a Pontal Construtora – terceirizada, porém não conseguiu localizar o responsável. O preposto – que responde pela empresa no Legislativo – não foi trabalhar nesta segunda-feira (7/6).

O ex-servidor não quis falar sobre o caso.

Representação criminal

Flávio Marra negou envolvimento em qualquer esquema de rachadinha. Disse que o ex-servidor o apoiava no projeto social “Desafio do Bem” que distribuía cerca de 30 marmitex por dia durante a pandemia e que ele doou R$250.

O vereador também negou que tenha o indicado para o cargo. 

“Não tenho nenhuma indicação na câmara”, declarou.

Marra disse que não teve envolvimento na demissão do fotógrafo. Afirmou que as reclamações contra o trabalho dele eram recorrentes e partiam de outros parlamentar.

O vereador registrou nesta segunda-feira (7/6) representação criminal contra a esposa do ex-servidor por calúnio e difamação. Disse que recebeu um áudio dela fazendo várias acusações, dentre ela de corrupção.