Até a manhã de sexta-feira (26) 78% dos leitos de UTI's estavam ocupados (Foto: Divulgação)

Elis Regina será a nova presidente executiva; Conselho Curador sofre modificações

A Comissão Interventora do Complexo de Saúde São João de Deus renovou o contrato com a atual superintendente, Elis Regina por mais quatro anos. Após negociações intensas, o martelo foi batido nesta quinta (08) com a presença de representantes do Ministério Público estabelecendo um novo modelo de gestão.

A intervenção administrativa conduzida pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiças e Defesa da Saúde (CAO-Saúde) começou no dia 10 de agosto de 2016. Na época, foi instituído um Conselho Curador formado por oito entidades do município.

Ao longo do primeiro ano ele tinha papel deliberativo, ou seja, os planejamentos apresentados pela superintendente estavam sujeitos ao crivo dos membros. No ano seguinte, ela passou a ter autonomia no gerenciamento dos recursos.

Três anos depois, as incertezas sobre a condução da administração do Complexo de Saúde forçou uma negociação mais intensa. Com a casa em ordem, chegaram à conclusão que já não era mais necessária a intervenção. Na reunião desta quinta (08), ficou definido o fim dela a partir do dia 31 de dezembro deste ano.

O hospital contará com o Conselho Fiscal, Conselho Curador – consultivo e deliberativo e o Conselho Diretor. Este último preconizou que a Fundação Geraldo Correa terá o cargo de presidente-executiva, o qual será assumido por Elis Regina por quatro anos a contar do dia 1º de janeiro de 2020.

A ideia é dar sequência ao trabalho dos últimos três anos que tirou a unidade dos holofotes das manchetes negativas e que tem apoio do corpo clínico e reconhecimento da população.

Mudanças

Essa não foi a única mudança. Três entidades deixaram o Conselho Curador, são elas: Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), a Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste (Acccom) e Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Divinópolis (Acid).

A partir de agora ele contará com sete cadeiras. Os dois novos representantes são: diretor clínico do hospital, Túlio Nogueira Valente e um representante dos enfermeiros ainda a ser definido pela própria categoria.

Também compõem o conselho: Lions, Rotary, Mitra Diocesana, a Associação dos Amigos do Hospital São João de Deus e a Federação das Associações de Moradores de Bairros e Conselhos Comunitários Rurais de Divinópolis (Fambacord).

Resultados

A intervenção administrativa ocorreu quando o hospital se afogava na pior crise financeira da história. A dívida chegava a R$133 milhões. Três anos depois, o número não mudou muito, ele está em aproximadamente R$120 milhões, porém o aumento foi congelado. O débito foi parcelado até 2026.

Mesmo com o montante milionário, desde 2017 as contas são fechadas no azul. Em 2016 o ano encerrou com R$ 14 milhões negativo. No ano seguinte em R$12,2 milhões positivo e em 2018 R$7 milhões.

“A grande mexida era o saneamento econômico financeiro. Temos um resultado positivo no balanço e caixa. Mas, o resultado mais positivo é o assistencial”, declara Elis.

Em 2016, eram 286 leitos e ocupação de 60%, seja pelo Sistema Único de Saúde (SUS), convênios ou particulares. O número pulou para 326 leitos e ocupação de 100%. Para outubro está prevista a inauguração de outro 30.

Metas

A partir de agora o projeto inclui a certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA) – considerada a principal na área de saúde no Brasil e a implantação da metodologia DRG de gestão hospitalar.

Também estão previstas a instalação da oncologia pediátrica, a ampliação da hemodiálise e a compra do aparelho de ressonância estimado em R$3,8 milhões.

“Se eu saísse isso ia ficar para traz e virou meu projeto de vida. Lutei muito para que a transição fosse saudável”, concluiu.

Entidades

A assessoria da Acccom disse que a entidade deixou o Conselho por reformulação feita pelo Ministério Público e que a decisão não afeta a relação de parceria com o hospital.

A reportagem do PORTAL GERAIS tentou contato com a Acid e UFSJ, porém não obteve retorno até o fechamento desta matéria.