A cidade pode perder Vagão Literário para Carmo da Cajuru; Secretário de Cultura alega falta de recurso
Amanda Quintiliano
Inaugurado em novembro de 2016, o Vagão Literário, que fica na Praça Candidés, em Divinópolis, está ameaçado. O projeto funcionou apenas dois meses e está parado desde janeiro do ano passado. Sem cumprir o papel proposto na cidade, Carmo do Cajuru já demonstrou interesse em abriga-lo para implantar um teatro itinerante.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (20) pelos vereadores Cleitinho (PPS), Edson Sousa (MDB) e Eduardo Print Jr. (SD). Eles leram o ofício assinado pelo secretário de Cultura, Osvaldo André, informando ao presidente do GEEC, Jomar Teodoro Gontijo que o município não tem condições de transportar o vagão para outra localidade e nem de assumir a manutenção.
Pelo ofício, o secretário afirma ter sido concluído a inviabilidade da Praça Candidés acolher o projeto.
“Assim desejamos que Carmo do Cajuru acolha com carinho o Vagão Literário e sua proposta principal, que mobiliza a população, para troca de livros, precioso instrumento formador de leitores”, conclui o ofício.
Ao PORTAL, o presidente do GEEC disse não ser intenção da entidade transporta-lo para a cidade vizinha. Porém, sem interesse de Divinópolis em mantê-lo funcionando, para ele, é mais viável e produtivo, fornecê-lo para atender as demandas culturais de outro município.
“Queremos despertar a população para que ele fique em Divinópolis, mas aberto, seja, por exemplo, na Secretaria de Educação para servi-la com eventos, leitura de livros […] Hoje ele está abandonado, com pessoas dormindo debaixo dele”, conta.
Para mantê-lo na Praça Candidés, segundo Gontijo, a única despesa do município era com funcionários.
“Nos dois meses de funcionamento, que foram no fim do governo de Vladimir, eram cedidos dois funcionários da Cultura”, explica.
Todos os livros foram doados pela população e também pela Biblioteca Ataliba Lagos.
“As pessoas já estavam frequentando. Quando fechou começamos a receber ligações questionando”, lembra.
Quero viver
Uma das alternativas apresentadas pelos vereadores na reunião desta terça-feira, na Câmara de Divinópolis, foi cedê-lo para o projeto “Quero Viver”. Pastor Wilson Fernandes Botelho sinalizou interesse em assumi-lo. Ele será recebido pelo presidente do GEEC que antecipou ao PORTAL não ter interesse de desvirtuar o objetivo do projeto.
“Não queremos que ela vá para instituição privada e sim que seja usado para educação e cultura, principalmente para este último. Se for para atender os drogadictos, seria desvirtuar o objetivo do convênio. Ele é para cultura, para a população de Divinópolis utilizar”, argumenta.
Ao PORTAL, Pastor Wilson disse que a ideia é manter o objetivo principal. O Vagão Literário será utilizado pela entidade recém criada “Global Jovem” com cunho social e cultural. Palestras serão realizadas em instituições de ensino.
“Vamos usar os livros, colocar cadeira para as pessoas lerem, emprestar […] Queremos levar os jovens para a praça. Vamos trabalhar com os colégios. Queremos levar paz para a praça”, comenta, acrescentando que a proposta é possibilitar a interação social e cultural de jovens.
Projeto
O Global Jovem é um projeto voltado para escolas públicas disseminação de informações relacionadas a vários setores, como saúde, educação, focando na prevenção de drogas.
“Queremos fazer eventos multidisciplinares, ações pedagógicas. Não daríamos nenhum peso para o município. O Vagão é um investimento da VLI de R$300 mil que está parado”, diz o idealizador do Global Jovem, Flávio Marciel, acrescentando que solicitaram o vagão no ano passado.
“Queremos multiplicar o que há lá”, enfatiza, levantando a possibilidade de torna-lo itinerante para atingir regiões periféricas.
“Queremos fazer um trabalho de referência para o Estado”.