A crise alarmante da saúde no Centro-Oeste está refletindo diretamente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA – 24 horas) de Divinópolis. A principal porta de entrada para casos de urgência e emergência é alvo constante de superlotação. O caso chegou ao extremo no final do mês passado, a ponto do diretor clínico declarar “estado de emergência” e comunicar à Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). A carta assinada se tornou pública nesta quinta-feira (07).
O vereador Anderson Saleme (PR) leu o documento direcionado à Semusa na íntegra na reunião da câmara. Nele o diretor clínico, Rogério Sichieri conta que a situação vem se “estendendo por semanas a meses e repetidamente colocando a saúde da população de Divinópolis e região em risco”. O principal problema é a falta de leitos nos Centros de Terapia Intensiva (CTIs). Sem vagas, os pacientes ficam espalhados pela unidade.
“A falta de leitos de CTI vem transformando a UPA em depósito de pacientes graves, pois nossa unidade que deveria atender casos de urgência e emergência e posteriormente encaminhar esses pacientes para os hospitais de referência, não consegue faze-lo”, consta no documento.
O documento datado em 29 de abril traz um breve relato da ocupação. Naquela época havia no setor de emergência oito pacientes, a capacidade é de cinco. Dos oito, cinco estavam entubados com ventilação mecânica. No setor de observação, com capacidade para atender 18 e quatro em área isolada, havia 54 pessoas. Na pediatria 13 crianças e a capacidade é para atender cinco.
Ministério Público
Como noticiado com exclusividade pelo PORTAL, na quarta-feira (06), os promotores Ubiratan Domingues e Sérgio Gildin participaram de uma reunião na Secretaria de Estado de Saúde. Na ocasião seria apresentada um novo modelo de gestão para o Hospital São João de Deus e de ampliação do parque hospitalar da região.
De acordo com nota encaminhada na manhã desta quinta-feira (08) pelo Ministério Público, o Estado reforçou um modelo com participação maior, mas a proposta detalhada será apresentada em sete dias.
O Estado se comprometeu, ainda, a apresentar, em 15 dias, um plano para a (re)organização da rede hospitalar da Região Ampliada Oeste (composta por 54 municípios), a curto, médio e longo prazos. Em entrevista exclusiva ao PORTAL, Dr. Ubiratan Domingues disse “que o que há na UPA são problemas causados pela ausência hospitalar”.
Município
O diretor técnico da UPA, Marco Aurélio Lobão disse que a equipe “tem utilizado mecanismos de gestão que tentam otimizar o atendimento, que vai desde seleção de pacientes à mudança estratégica de readaptação do espaço”.
Segundo ele, foram contratados mais dois clínicos. Um para ajudar na evolução de pacientes que aguardam transferência e outro para ajudar outros dois médicos no atendimento de 07 às 19h.
“Estamos, dentro da UPA, com uma estrutura hospitalar, extremamente inchada para tentar dar resposta”.
Ao dia passam pela unidade cerca de 400 pessoas. São, em média, 17 solicitações de internações todos os dias e, geralmente, apenas quatro são atendidas.
“O que nos deixa mais aflitos é que temos feito o que está no nosso alcance, mas alguns ultrapassam, por exemplo, quando precisamos de cirurgia, suporte de UTI para acompanhamento médico, transporte de pacientes para fazer exame e retornar para a UPA”, relata.
Lobão ainda disse que não há ausência do município. Segundo ele, o secretário municipal, David Maia tem feito “esforços sobre humanos” para tentar resolver o problema.
Para tentar minimizar a situação, enquanto não há a reorganização do parque hospitalar, o atendimento a alguns municípios foi suspenso. Hoje são recebidos pacientes de São Gonçalo do Pará, Carmo do Cajuru e São Sebastião do Oeste.