Se há algo que anda meio perdido ultimamente é a tal da razão. Com tantos postulantes a donos, ela se esvai e dá lugar a engodos criados em seu lugar para justificar atos de quem promove uma interpretação equivocada.
Razão, nos dias de hoje, já não é mais absoluta. Tem lá várias faces e, portanto, se torna relativa. Logo, cada um cria a sua e a toma como verdade de acordo com os seus valores e intenções.
A razão deveria ser algo lógico. Resultado de avaliações ponderadas a favor de uma verdade ou situação posta à prova. Independente, claro, de alguma má intenção que esteja oculta e que queira manipulá-la.
Numa sociedade cada vez mais movida por interesses individuais, ou seja, passionais, a razão se perde. É criada uma falsa lógica a fim de legitimar o que “Eu Quero”.
Na política ou nos negócios isso fica evidente. Tramam um resultado final que desafia a razão, abrem mão dela. Passam por cima de preceitos lógicos para ter satisfeitos seus desejos ocultos.
Uma mentira repetida vira uma verdade. Consolida-se, perpetua-se. Depois desta fase deixa de ser questionada na sua essência e passa a ser validada ao que se propõe.
Ter dúvida não é sinal de fraqueza. Ela, a dúvida, pode ser sim amiga da razão. Quem duvida – no sentido mais construtivo desta faculdade – forma pensamento. Exatamente porque contrapõe os argumentos apresentados, sem passionalidade.
Seguindo este entendimento, é certo dizer que a razão não deve ser epidérmica e tampouco coronária. Ela é, sim, digestiva. Exatamente porque parte do princípio de ser absorvida e sintetizada. Eliminando, portanto, o que não presta e aproveitando o que vai somar.
Razão é luz a ser vista no escuro e não no clarão da afobação. Ela só ilumina o homem se este a deixar. Brilho que pode vir agora ou num tempo do amadurecimento que não pode ser medido.
Razão e ignorância não sobrevivem juntos. Ou se tem um ou outro. Nunca os dois. Sociedades amadurecidas não fazem fisiologismo sobre estes fatos. Deles se tem clareza.
Uma sociedade amadurecida é bem diferente de uma desenvolvida. A amadurecida evolui em atos e pensamento. A desenvolvida apenas cresce e acumula. A razão ficará sempre mais próxima daquela sociedade que estará mais perto da colheita do fruto.
Nisso, há razão.