Nós, da imprensa, temos que entender que em ano de eleição nem tudo que reluz é ouro. E que até as melhores intenções podem esconder interesses escusos. Participar disso é ir contra preceitos nobres que norteiam a profissão.

 

rodrigo (1)

Diferente do que muitos entendem, a imprensa é mais do que uma propagadora de fatos. Seu papel social prevê, também, a análise e devida apuração de um determinado fato por ela apresentada. Confiar cegamente numa fonte como se ela fosse total e completo sinônimo de fidedignidade, por vezes, pode ser um erro.

Jornalismo bom é aquele que desconfia de tudo, principalmente das suas intenções. Jornalismos quando praticado de forma decente se julga e não se isola como se fosse onipotente.

Mas hoje o jornalismo se multifacetou: é tudo e nada. É polícia sem ser de fato. É justiça sem ter atribuição para tal. É chapa branca para defender determinados interesses econômicos e políticos.

Sem uma legislação, ou entendimento, que facilite que um determinado veículo de comunicação deixe claro o seu viés político partidário para o leitor, é comum se consumir uma opinião ou matéria de jornal como verdade sem ela ser, de fato, na sua plenitude. Exatamente por não deixar claro para o leitor que aquele determinado veículo possui suas preferências ideológicas – o que pode interferir numa matéria ou opinião dada por ele.

Entendo que a má fé na produção jornalística não está presente em todos os veículos, mas a ausência de uma apuração devida, principalmente a que julgue as intenções de quem é fonte, contribui para a alienação e/ou compreensão parcial de um determinado fato.

Em ano de eleição, penso, esta regra tem que estar na cartilha dos veículos sérios de comunicação. Nem toda fumaça é sinal de fogo. É preciso ter bom senso e traçar paralelos diversos atribuindo a responsabilidades devidas a cada caso. Sem, é claro, o velho e dispensável sensacionalismo.

Num momento tão conturbado como o atual, é necessário que a imprensa exerça a sobriedade. Esta faculdade, no meu ponto de vista, é mais essencial do que a utópica imparcialidade. Ela, a sobriedade, denota bom senso e maturidade editorial do veículo de comunicação.

Se por um lado nem tudo que é dito, escrito e televisionado por aí é confiável; é imperioso que o leitor, ouvinte, telespectador ou internauta desenvolva o senso crítico, analisando o conteúdo, o veículo e a fonte da qual a matéria ou opinião foi extraída.

Assim, é possível traçar melhor um panorama – livre de paixões e interesses diversos – que infelizmente contaminam o jornalismo. E extrair daí a sua relevância, ou não, para a vida cotidiana.

Jornalismo, apesar dos contextos e “pré-textos”, ainda continua sendo coisa séria e fundamental para uma sociedade evoluída.