Página no Instagram é administrada pela ex-assessora de monitoramento de mídias sociais da prefeitura; Deputada denunciou o perfil de fofocas após ataques
A ex-assessora de monitoramento de mídias sociais da prefeitura de Divinópolis, Vanessa Bernardes, criou o perfil de fofocas “Notícias e babados” de dentro de um dos prédios da prefeitura. Isso é o que mostra o inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), que investigou o caso a partir de denúncia da deputada estadual Lohanna França (PV). A parlamentar fala em “Gabinete do ódio” em Divinópolis.
A parlamentar detalhou as investigações nesta quinta-feira (29/2). A criação do perfil, conforme o inquérito, ocorreu no dia 23 de março do ano passado. A própria Vanessa já havia se apresentado como “dona do perfil”. Contudo, as investigações confirmaram a partir de informações obtidas junto à Meta, dona do Instagram.
Após diversos ataques de cunho pessoal, além de falsidade ideológica (quando a página atribuiu uma ameaça que supostamente teria recebido de Lohanna), a deputada fez a denúncia na Polícia Civil.
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Outra denúncia
Em março de 2023, por exemplo, Lohanna já havia denunciado que Vanessa Bernardes, exercendo a função de assessora de monitoramento de mídias sociais, estava em plena campanha política para o irmão do prefeito Gleidson Azevedo, o senador Cleitinho Azevedo, para o governo de Minas Gerais em 2026.
De acordo com a deputada, a página faz reiterados ataques pessoais, inclusive criando conversas fictícias para atacá-la.
“Ela já postou coisas que extrapolam e muito o debate político, situações que expõem inclusive a minha segurança. Fiz uma denúncia na Polícia Civil e eles apuraram onde a página foi criada, a partir da quebra de sigilo, o endereço é da Prefeitura de Divinópolis”.
“Gabinete do ódio na prefeitura de Divinópolis”
Para Lohanna, trata-se de um indício do uso da Prefeitura de Divinópolis para o favorecimento dos irmãos Azevedos, ou seja, do prefeito Gleidson Azevedo, do deputado estadual Eduardo Azevedo e do senador Cleitinho.
A parlamentar garantiu, então, que adotará todas as providências legais.
“O gabinete do ódio nunca foi tão real. Agora, tudo faz sentido e as providências jurídicas serão tomadas”.
Além da ação judicial, a deputada comunicará oficialmente a câmara. Ela voltará a acionar o Ministério Público para que verifique o uso da máquina pública indevidamente, já que, supostamente, ela administrava o perfil durante o horário de expediente.
Prefeitura se diz surpreendida com declaração de “gabinete do ódio em Divinópolis”
Em nota, a prefeitura de Divinópolis afirmou que foi surpreendida com a fala da deputada que acusou o município de ter “gabinete do ódio” para lhe fazer ataques. Afirmou que a polícia não chamou, em momento nenhum, representantes do Executivo para prestar depoimento. Além disso, disse desconhecer o inquérito apresentado por Lohanna.
Destacou que o “Executivo preza pela conduta ilibada e moral de seus servidores e que não coaduna com qualquer uma das práticas referidas pela parlamentar”.
“E, caso seja verdade e se confirme o afirmado por ela, os responsáveis responderão por tais atos”, enfatizou em nota.
A prefeitura frisou também que Vanessa Bernardes não integra mais o quadro de comissionados da prefeitura. De acordo com o decreto, a exoneração ocorreu no dia 18 de maio do ano passado, após confusão envolvendo a ex-assessora e a vice-prefeita e secretária de Governo Janete Aparecida.
“A Prefeitura já está providenciando pedido de acesso ao inquérito para conhecimento de seu teor, no intuito de tomar as providências cabíveis”, informou.
Ao mesmo tempo, fugiu da responsabilidade, dizendo que a “Prefeitura não pode ser responsabilizada por conduta de nenhum servidor”.
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150 locais
Em outra nota, a prefeitura, então, negou que o acesso ao perfil tenha ocorrido da sala da Secretaria Municipal de Administração. Afirmou apenas que trata-se do endereço de entrega da fatura para pagamento.
“Em uma rede de computadores corporativa, a localização do acesso não se dá apenas pelo endereço do link, mas sim pelo rastreamento do equipamento utilizado, com identificação de seu MAC address (identificador numérico atribuído a uma interface de rede (NIC), dispositivo Wi-Fi ou Bluetooth, usado como endereço físico em uma rede local). Somente através desse número único é possível afirmar o local que partiu o acesso”, esclareceu.
Conforme a nota, a prefeitura tem cerca de 150 locais diversos em toda a cidade, que podem se utilizar de sua rede de dados, já que o link de dados é recebido no Centro Administrativo da Prefeitura e redistribuído por rede interna própria para esses locais.
O que diz o perfil
A proprietária do perfil realizou uma transmissão ao vivo fazendo novos ataques à deputada. Negou que a criação do perfil tenha ocorrido de dentro da prefeitura, mas admitiu que havia feito o login no local. Ainda refutou que a criação tenha partido a partir de pedidos dos irmãos Azevedos.