
Família questiona falhas no atendimento no Castramóvel, enquanto a prefeitura nega erro na anestesia e refuta envolvimento de estagiário no procedimento.
Uma gata de 9 meses, chamada Rute, morreu na tarde desta terça-feira (18/2) após ser submetida à castração no Castramóvel, que estava estacionado na Rodoviária de Divinópolis.
Agendaram o procedimento de Rute para a manhã de terça-feira (18/2), com a presença de seu dono no local às 07h, após um jejum de 12 horas.
Porém, o atendimento demorado, e a gata castrada somente após as 11h. Os donos afirmaram que a equipe não pesou o animal nem fez exames pré-operatórios, como normalmente se recomenda antes de qualquer cirurgia.
“Só perguntaram a idade dela e nada mais. Quando questionamos sobre a dose da anestesia, disseram que estava tudo bem”, relatou os donos da pet.
Castração
Após a castração, no castramóvel Rute liberada para ir para casa por volta das 12h. No entanto, pouco tempo depois, os donos perceberam que a gata não estava bem e ligaram para o número de apoio do Castramóvel.
A resposta foi de que o quadro era comum e que o animal deveria aguardar o efeito da anestesia passar.
“Disseram que isso acontece e que era normal, mas Rute estava muito mal”, contou.
Por volta das 17h, o quadro piorou. Rute ficou “com o corpo duro, sem vida e sem respirar”, o que levou os donos a ligarem novamente para o Castramóvel.
Após várias tentativas, o veterinário atendeu e, ao constatar o falecimento do animal, afirmou que nada mais seria possível.
Ao PORTAL GERAIS a namorada do dono de Rute revelou que ele está se culpando pela morte da gata.
“Ela estava ótima, super saudável, e agora ele está completamente abalado. Não consegue entender como isso aconteceu”, contou.
Na manhã de quarta-feira (19/2), os donos de Rute receberam a convocação para comparecer ao Castramóvel, onde o coordenador responsável pediu desculpas pelo ocorrido.
Mau comportamento
Segundo eles, coordenador explicou que o anestesista que aplicou a anestesia em Rute era um estagiário que vinha apresentando sinais de “mau comportamento” nos últimos dias.
Apesar das desculpas, os donos de Rute não descartam tomar medidas judiciais para buscar uma solução para o caso.
Eles seguem em luto pela perda de sua gata, que, segundo eles, estava em perfeito estado de saúde antes do procedimento.
Posicionamento da Prefeitura de Divinópolis
A Prefeitura de Divinópolis, por meio da diretoria do Cuidado Animal, lamentou profundamente o ocorrido.
Em nota, a Prefeitura destacou que o trabalho realizado pela Diretoria de Cuidado Animal tem como principal objetivo promover o bem-estar dos animais.
“Fatos como esse chocam a equipe que trabalha para melhorar a qualidade de vida de cães e gatos de nossa cidade”, afirmou.
A Prefeitura ainda ressaltou que os trabalhos de castração no município, tanto no Centro de Referência de Vigilância Sanitária Animal – Crevisa quanto no Castramóvel, são devidamente registrados junto ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais, cumprindo todas as normas técnicas estabelecidas.
A diretoria também enfatizou que tem orientado seus servidores a seguirem rigorosamente todos os protocolos e procedimentos.
“Nosso objetivo é evitar que incidentes como o que ocorreu com a gata Rute se repitam”, afirmou.
Em relação ao caso de Rute, a Prefeitura solicitou ao médico cirurgião responsável pelo procedimento que emita um relatório técnico detalhado sobre todos os procedimentos realizados.
“Será feita uma investigação interna para apurar possíveis falhas”, informou a nota.
Sobre os procedimentos realizados no Castramóvel, a Prefeitura esclareceu que todos os animais submetidos à castração passam por uma triagem e pesagem, com acompanhamento de estagiários assistidos por médicos veterinários.
“Enquanto ocorre esse processo, o gestor realiza uma mini-palestra, passando todas as informações necessárias sobre o pré e pós-operatório. Após a triagem, os animais aptos são submetidos a uma avaliação clínica detalhada antes da cirurgia e só são liberados quando apresentam todos os parâmetros clínicos dentro da normalidade”, explicou a nota.
Por fim, a Prefeitura, representada pela Diretora de Cuidado Animal, lamentou a perda de Rute e se dispôs a prestar toda a assistência necessária aos tutores do animal.
“Estamos ao lado da família nesse momento difícil”, concluiu o comunicado.
Relatório Técnico do Procedimento
A Diretoria do Cuidado Animal, ouvindo a equipe responsável pelos atendimentos, médicos veterinários e o coordenador do controle populacional, responsável, entre outras funções, pelos agendamentos e recepção no Castramóvel, forneceu o seguinte relatório sobre o caso de Rute.
A castração realizada no dia 18 de fevereiro, por volta das 11 horas da manhã. O processo incluiu triagem, avaliação clínica e, somente após essa avaliação, é feita a sedação e a castração.
Durante a triagem, a gata avaliada clinicamente para garantir que estava apta a passar pela cirurgia.
O protocolo médico, portanto, exigiu que o animal passasse por uma avaliação detalhada antes de qualquer procedimento
Após a castração, Rute recebeu alta para ir para casa apenas quando apresentou condições clínicas exigidas, conforme o protocolo médico.
Ao ser liberada e entregue ao tutor um receituário com a prescrição médica e orientações pós-operatórias, bem como o número para contato em caso de intercorrências.
Ligações
Às 17h13 do mesmo dia, o tutor entrou em contato com o número do pós-operatório e atendido imediatamente.
A ligação, que durou 2 minutos e 15 segundos, recebida pelo médico veterinário responsável, que orientou o retorno da gata ao Castramóvel. No entanto, o tutor não levou o animal para o retorno.
O tutor voltou a ligar consecutivamente às 17h32, 17h33, 17h34, 17h35, 17h36, 17h36 e 17h37. Assim, atendido novamente às 17h39
A ligação, que durou 4 minutos e 51 segundos, ocorreu com o médico veterinário. No último contato, o médico, portanto, solicitou o retorno do animal ao Castramóvel.
No entanto, o tutor informou que a gata estava “dura” e que “achava que estava morta”. Diante da recusa, o médico pediu o envio de um vídeo para tentar avaliar a condição da gata, mas o tutor se recusou, afirmando que não faria o vídeo da gata já morta.
Entre a primeira e a última ligação, transcorreram 26 minutos. A equipe, por sua vez, nega erro na dosagem de anestesia e refuta a informação de que um estagiário tenha realizado o procedimento. Além disso, negam o afastamento do estagiário.
O óbito e as causas, portanto, não puderam ser avaliados pelos médicos veterinários, uma vez que o tutor se recusou a levar o animal para o retorno.