Geraldo Couto é acusado de cometer irregularidades na Santa Casa de Formiga (Foto: Oscar Rodriguez/Super Informação)
Geraldo Couto também é consultor da Dictum no Hospital São João de Deus (Foto: Oscar Rodriguez/Super Informação)

Geraldo Couto também é consultor da Dictum no Hospital São João de Deus (Foto: Oscar Rodriguez/Super Informação)

Quinze dias após o afastamento judicial, o do provedor da Santa Casa de Formiga, Geraldo Couto emitiu nota oficial à imprensa declarando inocência e explicando o déficit atual de quase R$ 3 milhões. No dia 26 de fevereiro, por determinação judicial, uma comissão interventora assumiu a gestão do hospital, após indícios de irregularidades apontadas pelo Ministério Público.

Em nota, Couto classifica a situação como lamentável. Disse que assumiu o cargo de provedor “respeitando e mantendo a tradição beneficente e católica” da família dele. O provedor afastado disse que durante o período em que esteve à frente da Santa Casa, enfrentou várias dificuldades devido as limitações estruturais e financeiras.

Lembrou a crise vivenciada no Brasil na área de saúde, devido a escassez de recursos, excesso de demanda, ausências de leitos resolutivos, carência de profissionais qualificados.

“Mesmo assim, durante todos esses anos, dediquei – assim como todos os irmãos benfeitores –meu tempo, energia e experiência nessa empreitada, atuando não apenas como gestor do Hospital, mas também como médico integrante do corpo clínico, realizando, inclusive, plantões com o mesmo empenho dos tempos de médico residente”, consta na nota.

Dívida

Sobre a suposta dívida anunciada pela comissão interventora na semana passada, segundo ele, constitui, na verdade, investimentos feitos pela Santa Casa em equipamentos (compra do primeiro aparelho de Tomografia Computadorizada de dois canais) e em estrutura física (construções e reformas, como: UTI Adulto, UTI Neonatal, ampliação do Centro Cirúrgico e do Centro de Imagem e ampliação da Maternidade para Maternidade Regional e de Alto Risco).

De acordo com a comissão interventora, os R$ 16 milhões representam os passivos do hospital, ou seja, todo o valor devido, incluindo os financiamentos, já negociados e parcelados. Os financiamentos foram feitos de médio e longo prazo. Segundo Geraldo Couto, os pagamentos, até novembro de 2014 estavam em dia.

“Além disso, a liquidez do Hospital, no final de 2014, era de 1.39, ou seja, a cada R$ 1,00 devido, a Santa Casa possuía R$ 1,39 disponível para pagar”, afirma e completa: “Todos estes investimentos e suas deliberações foram realizados com aprovação em todas as instancias pelos irmãos benfeitores, e consignadas em atas”.

Dados

Dívida foi para estruturar a Santa Casa, diz ex-provedor (Foto: Divulgação)

Dívida foi para estruturar a Santa Casa, diz ex-provedor (Foto: Divulgação)

O antigo provedor ainda citou dados que contrariam as inúmeras dificuldades e problemas agora colocados em evidência. Somente em relação ao período de janeiro a outubro de 2014 –, foram realizados, a título exemplificativo: 6.780 internações; 6.105 cirurgias; 760 partos; 37.309 atendimentos ambulatoriais; 20.896 exames de raios-x; e 5.920 tomografias, dentre outros inúmeros procedimentos.

A Pesquisa de Satisfação realizada em outubro de 2014 demonstrou que o atendimento foi considerado, pelos pacientes do SUS, ótimo (78%) e bom (21%), sendo praticamente idênticos aos percentuais das entrevistas realizadas com os pacientes particulares ou de convênio (79% e 18%, respectivamente).

Foram implantados na Santa Casa, no ano passado, novos serviços, como hemodinâmica (cateterismo, angioplastia, etc.), cirurgias endovasculares, tomografia computadorizada de 128 canais (alta resolução), implantação de dezoito leitos de UTI Neonatal, já credenciado em dezembro pelo Ministério da Saúde.

Ainda segundo a nota, a Santa Casa de Formiga atingiu, com o ímpar índice de 93%, as metas do 2º quadrimestre de 2014 do Programa de Reestruturação e Contratualização dos Hospitais Filantrópicos ou de Ensino – Percentual de internações reguladas pelo SUSFácilMG.

Déficit

Sobre o déficit de R$ 3 milhões, Geraldo Couto repetiu as palavras do interventor. Ele é consequência de atraso de repasse recursos, municipais e estaduais desde 2012 até outubro de 2014.

“Nesse contexto, mais do que a surpresa com minha abrupta remoção do cargo citado acima – realizada, inclusive, com a desnecessária presença policial, o que se repudia, de forma veemente, e que será objeto de questionamento, em tempo e foros oportunos –, consigno, aqui, minha tristeza e indignação com a distorcida, maldosa e leviana repercussão que o caso tomou, registrando, ainda, que permaneço e permanecerei, de cabeça erguida, enfrentando todas as injustas imputações que me estão sendo feitas, tomando, desde já, todas as medidas judiciais cabíveis”, consta na nota.