Emenda só pode ser aplicada em cirurgias eletivas, mas elas estão suspensas devido a pandemia; Desconsiderando impedimento, deputado usou palavras como “ladrão” e “corrupto” para questionar aplicação
O governo municipal de Divinópolis classificou o deputado federal André Janones (Avante) como “pau mandato”. A nota foi emitida, nesta quinta-feira (28), em resposta a um vídeo gravado por ele e pelo vereador Matheus Costa (Cidadania) atacando o prefeito Galileu Machado (MDB) e questionando a aplicação de uma emenda de R$1 milhão.
A verba carimbada, ou seja, direcionada especificamente para uma única finalidade, foi repassado ao município no dia 29 de abril, quando já estava em vigor os decretos estadual e municipal proibindo a realização de cirurgias eletivas. A finalidade do repasse é para esses procedimentos de alta e média complexidade.
Usando palavras como “bandido”, “corrupto”, “ladrão”, ele questionou o fato do prefeito não ter divulgado o recebimento do dinheiro.
“Mais de um mês que este dinheiro está depositado na conta da prefeitura e o prefeito está oh, caladinho. Não divulgou para ninguém. Será que o prefeito é um bandido, um corrupto, um ladrão que está esperando a oportunidade para desviar este dinheiro ou até mesmo já desviou? Não sei. Eu não tenho prova disso. Não posso ser leviano de fazer uma afirmação sem ter provas do que eu estou falando. Mas também não posso defender, dizer o contrário”, afirmou.
O vídeo é aberto pelo vereador Matheus Costa que logo no início dispara: “eu avisei. estão usando a pandemia para fazer farra com o dinheiro público”. Ao encerrar afirmou:
“Não vou permitir que usem da pandemia para fazerem farra com dinheiro público. Queremos saber onde está este R$1 milhão”.
“Perplexidade”
Em nota, o governo disse que o vídeo causou “perplexidade” e o classificou como “subserviente e desqualificado” e “se presta ao papel de pau mandado de políticos de nossa cidade com interesse nas eleições”.
“Ao apresentar ilações descabidas e irresponsáveis, que questionam a aplicabilidade de uma emenda de R$ 1 milhão por ele destinada, o deputado mostra publicamente seu despreparo para a função, uma vez que, conforme o município já comprovou, tal recurso tem como objeto a utilização no custeio de procedimentos de média e alta complexidade que contemplam a realização de cirurgia eletivas, atualmente suspensas pelo Governo do Estado em decorrência da pandemia. Ou será que o deputado não tem conhecimento disso?”, consta na nota.
A administração ainda acusou o deputado de tentar “conseguir entrar no cenário político local pela porta dos fundos, sorrateiro e com segundas intenções”.
“Pois saiba que o cartão de visita que o senhor acaba de apresentar não condiz com a prática do povo do Centro-Oeste de Minas. Pelo contrário, aqui não levantamos suspeitas sobre sua história ou seu trabalho, principalmente quando se trata de um desconhecido, como o caso do deputado”.
O governo ainda ironiza o convidando para fazer uma visita à cidade.
“Frente a frente, queremos que o senhor venha a Divinópolis para apresentarmos, pessoalmente, a aplicação de cada centavo gasto com a saúde em nosso município. Acreditamos que o senhor terá, no mínimo, a hombridade em aceitar tal convite o mais rápido possível. Mais que isso, enquanto aguardamos a sua confirmação, já providenciamos o envio dos documentos comprovando que o recurso está depositado na conta do Fundo Municipal de Saúde aguardando a liberação para das cirurgias para ser utilizado. Acreditamos também que, feito isso, o senhor tenha a dignidade e o respeito com o povo de Divinópolis em se retratar publicamente da mesma forma com que se prestou agora a fazer irresponsavelmente. Afinal, é assim que homens de bens tratam os assuntos de interesse da nossa população”, finalizou.
“Transparência”
Questionado pela reportagem do PORTAL GERAIS sobre qual seria a farra com a verba em questão, já que ela não pode ser aplicada no momento, o vereador Matheus Costa disse que as declarações do deputado são quanto a “transparência”. Afirmou que três prestações de contas da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) foram desmarcadas até o momento.
Alegou que se a emenda fosse de outro parlamentar haveria várias divulgações nos portais oficiais. Indagado sobre o fato dos valores estarem disponíveis no Portal da Transparência – aberto para consulta de qualquer cidadão, respondeu: “Portal da transparência da Câmara e da Prefeitura é para inglês ver”.