Depois de perder um amigo e um sobrinho vítimas da febre maculosa – doença transmitida pelo carrapato estrela – o eletricista, Walisson Santos de Oliveira usou a tribuna da Câmara de Divinópolis para desabafar nesta terça-feira (18). Frequentador na região do prolongamento do Eldorado, ele teme que outras pessoas sofram com a doença.
O homem de 60 anos morreu em junho e a criança, de 02 anos, em julho deste ano. Ambos moravam no bairro. O eletricista ainda teve outros dois casos em casa. O pai dele – avô da criança – e o padrinho também contraíram a doença este ano. Por pouco Walisson também não foi vítima.
“Eu cheguei a ficar com várias picadas de carrapato pelo corpo, mas não foi nada. Meu sobrinho não teve a mesma sorte, meu amigo não teve a mesma sorte. Eu consegui correr a tempo para o hospital com meu pai e meu padrinho, mesmo assim eles correram sérios riscos de morte”, relatou.
A dor da perda se mistura com o medo de que outras pessoas da família, amigos ou moradores do bairro contraiam a doença.
“Quero chamar a atenção dessas pessoas que ficam apenas sentadas atrás de uma mesa com papel e caneta e não fazem nada. Algo precisa ser feito seja pela Vigilância, pelo Ministério Público, antes que mais pessoas morram”, desabafou.
Algumas alternativas foram levantadas pelo eletricista. Dentre elas está a dedetização com uso de veneno ou colocar fogo na mata. Porém, ambas não são permitidas pela legislação ambiental.
“Se nenhum desses métodos pode ser adotado, que eles encontrem outro método eficaz para acabar com esses carrapatos. Não estou pedindo para acabar com os bichos, com as capivaras, mas com os carrapatos”, cobrou.
Na mata há muitas capivaras, além de outros animais. Walisson ainda conta que a área precisa de limpeza, pois algumas pessoas a utiliza para descarte de entulho, favorecendo o aparecimento também de ratos.
Divinópolis está entre as cidades do Estado com maior frequência de casos da Febre Maculosa com um registro de 8,3% de casos. Foram quatro confirmações. Duas pessoas morreram.
Vigilância
Por meio de nota a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) disse que o Setor de Vigilância Epidemiológica/DVS realizou procedimentos padrões em relação aos casos de febre maculosa. Todas as ações de investigação epidemiológica, bem como as medidas de prevenção e de controle foram executadas de acordo com os protocolos definidos pelo Ministério da Saúde do Brasil.
Além das medidas que incluem investigação epidemiológica dos casos, com a coleta de amostras (sangue) e envio ao Laboratório da Fundação Ezequiel Dias, visando o diagnóstico laboratorial também houve capacitação e busca por novos casos. Após a confirmação outras ações foram realizadas, por exemplo, coletas de espécimes de carrapatos no ambiente e em cães na região afetada.
De um total de 44 amostras processadas, cinco foram positivas para riquétsias; uma coletada em cão e quatro do ambiente (pasto). Também houve reunião com a equipe de PSF e escolas para repassar informações sobre a doença, controle e prevenção.
Segundo a nota, houve manejo ambiental envolvendo a roçagem mecânica da vegetação próxima das habitações; Aplicação de inseticida, por meio de bomba costal, nos domicílios e peridomicílios; Educação em saúde direcionada aos moradores da região; Afixação, em todos os imóveis da região, de cartazes contendo orientações.
Também foi exigido do proprietário dos equinos encontrados na região, da aplicação periódica de carrapaticidas nos mesmos. Após a intimação, a descarrapatização foi realizada e o proprietário dos cavalos orientado quanto ao controle da infestação por carrapatos. Houve ainda a aplicação de ivermectina nos cães.