Diego Henrique
Especial para o Portal Centro-Oeste
Antônio Ferreira da Silva, de 50 anos, foi dado como morto após a filha reconhecer seu corpo no Hospital Santa Mônica, em Divinópolis, mas o que chama a atenção é que Antônio está vivo.
O homem só tomou conhecimento do fato em março deste ano, quando sua filha o procurou após receber notícias de que o pai não havia morrido. Na ocasião, Antônio estava internado em uma clínica de recuperação para dependentes químicos.
Ao tomar ciência do fato, Antônio procurou sua mãe para buscar documentos e pertences, porém a família já havia queimado os papéis e objetos pessoais como as roupas e calçados.
De imediato o homem procurou a ajuda do vereador Nilmar Eustáquio (PP) que por sua vez procurou Marcos Vinícius que é vereador (PSC), advogado e presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Em conversa, os vereadores decidiram que irão levar o caso à Polícia Civil e Ministério Público (MP) e só deixarão de acompanhar a história depois que o mistério for resolvido.
De acordo com o vereador Nilmar Eustáquio (PP), ainda é cedo para levantar suspeita, porém já existe um processo para apurar a “causa da morte”.
“Ainda é cedo para levantar suspeita, mas em contato com a Polícia Civil nós sabemos que já existe um processo para apurar a causa desta morte, até porque o caso é ainda mais grave. Se ele está vivo, alguém foi sepultado. E quem é esse alguém? Tudo isso, a Polícia vai confrontar com documentos que nós estamos buscando, inclusive na funerária de Divinópolis e daí vamos certificar quem é que foi enterrado naquele dia, pois as despesas fúnebres foram custeadas pelo município,” disse.
Óbito é verdadeiro
Marcos Vinícius afirma que o atestado de óbito é verdadeiro e que um inquérito será instaurado para investigar o caso.
“Um inquérito policial deve ser instaurado e vai resultar em um processo criminal que vai ter que apurar responsabilidades, pois houve um erro, haja vista que uma pessoa está viva e documentalmente está morta. Há um atestado de óbito, há uma causa mortis, há uma médica que assinou um documento. A primeira iniciativa minha foi certificar junto ao cartório de registro civil se esse documento foi expedito de fato e a informação que tive é que o documento é verdadeiro. O que tem que apurar, e isso vão seguir agora com a Polícia e judicialmente, é se esse erro foi doloso, se houve alguém com interesse agindo de má fé, ou se foi um engano. Por enquanto não se pode se estabelecer juízo de valor. O que se sabe é que existe muita coisa envolvida,” afirma.
Segundo Marcos Vinícius, se os responsáveis agiram de má fé e isso for provado, cabe um processo criminal por falsificação material, falsificação ideológica e estelionato.
“Se houve imprudência, negligencia ou imperícia das instituições, deve ser apurado. Não se pode admitir uma situação como essa. Isso é um transtorno muito grande que traz para a pessoa e também para o mundo jurídico porque é uma situação de insegurança, se perde a credibilidade. É um caso atípico e isolado, mas tem que ser apurado com todo critério para evitar que outros mais aconteçam”, explica.
Destino
Sem documentos, roupas e moradia Antônio foi levado para um projeto de recuperação de dependentes químicos e ele espera que a situação seja regularizada.
“Eu estou acolhido onde o Marcos Vinícius e o Nilmar Eustáquio arrumaram para mim e eu vou ficar lá até organizar tudo e eu renascer para a sociedade. Tenho um trocado no banco, mas meu cartão está cancelado, o pessoal do banco me explicou que pelos documentos eu estou morto”, conta.
Veja a história contada por Antônio: