Foto: Divulgação
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Anderson Gonçalves

Quando o assunto é dinheiro, existe muita divergência de opiniões entre os casais. Alguns preferem não dividir com o cônjuge os gastos pessoais, outros apenas parte desses gastos, e há casais que conseguem conversar de forma mais tranquila sobre o assunto. Não contar para o cônjuge o quanto ganha é uma infidelidade financeira ou apenas privacidade?

Atualmente o dinheiro ainda é motivo de muitos conflitos entre casais, ao ponto de causar divórcio e inúmeras brigas, que podem trazer graves consequências, principalmente quando o casal já tem filhos, afinal educação financeira começa em casa e dá continuidade na escola, ou pelo menos deveria.

Em pesquisa realizada pelo Sistema de Proteção ao Crédito (SPC), mostrou que 35% dos entrevistados não sabem ao certo o valor do salário do companheiro, além disso a pesquisa ainda mostra outro fato marcante, o hábito de discutir o orçamento familiar com o cônjuge e com os filhos e pouco frequente; apenas 31% das famílias conversam abertamente sobre os gastos e receitas da casa.

O problema de não saber ao certo o quanto ganha, ou gasta com determinada despesa não é privilégio apenas dos casais, a maioria dos brasileiros estão passando por problemas financeiros, endividamento, inadimplência, estresse financeiro e problemas de relacionamentos exatamente por não darem a devida importância à sua educação financeira. 

Entre os casais esse problema se torna ainda mais grave, pois afinal, agora vivem “debaixo do mesmo teto”, e prometeram estar juntos na alegria e na doença, na riqueza e na pobreza. Mas infelizmente muitos não conseguem lidar com o estresse financeiro na vida e sempre buscam o caminho mais fácil, não dividir com o outro a verdadeira situação financeira, causando a infidelidade financeira. A causa desse problema geralmente está na fase de namoro, onde deveria ser o processo de conhecimento do casal, a fase de ajustar as arestas para então passarem a viver juntos. Quando o assunto é dinheiro, desde criança já causa “dor de cabeça”, pois não fomos educados financeiramente para conversar abertamente sobre dinheiro, é uma questão cultural que precisamos mudar rapidamente no Brasil.

Ter ou não uma conta conjunta?

Sempre quando falamos de dinheiro para os casais, é importante evitar discussões, isso não resolverá o problema, apenas o agravará mais. Portanto, a primeira sugestão é que tenha um diálogo, algo de forma consciente, racional e menos emocional. O mais recomendado a se fazer é uma reunião do casal para falar abertamente sobre o assunto e iniciar a construção do orçamento familiar. A partir dessa reunião devem surgir algumas regras e responsabilidades, quem deve pagar o quê? Quanto dinheiro vai ser poupado por mês?

Também é recomendável uma conta conjunta ao casal, para que sejam pagos os compromissos em comum, redução de taxas com duas ou mais contas correntes, evitar a infidelidade financeira, e o mais importante quando duas pessoas trabalham juntas para conquistar um sonho, o caminho se torna mais fácil.

Dificuldade em fazer poupança para o casal

A pesquisa feita também aponta que 38% dos casais não fazem poupança. Esse dado mostra a dificuldade em fazer planejamento de curto, médio e longo prazos; incluindo neles a aposentadoria de forma sustentável. Vale lembrar que o INSS não será suficiente para suprir as necessidade básicas quando o casal chegar no tempo de se aposentar.

O investimento para a aposentadoria deve ser para cada um, de forma a garantir a sustentabilidade financeira do casal quando desejar se aposentar. Mais uma vez, é necessário “jogar limpo” com o cônjuge e colocar tudo na mesa, conversando sobre dinheiro, mas o assunto mais importe nessa conversa não deve ser as despesas, mas sim a realização dos sonhos individuais e coletivos. Muitos casais deixam de lado os sonhos individuais, e quando têm filhos esse problema se agrava passando geralmente a viver apenas em função dos filhos, e os sonhos também são sempre direcionados para os filhos. Procure não cometer esse erro grave, e pense nos sonhos de cada membro da família.

Portanto é muito importante que o casal esteja sempre atento para a construção dos sonhos que devem ser, no mínimo, três sonhos (curto, de até um ano; médio, até dez, e longo prazo, acima de dez anos), todos acompanhados das respostas:

Qual é o meu (nosso) sonho?

Quanto custa o meu sonho?

Quanto será guardado mensalmente para realizado esse sonho?

Em quanto tempo vou realizar esse sonho?

Caso contrário, não serão sonhos, mas verdadeiros pesadelos para os casais, podendo esfriar o relacionamento, e ser uma desculpa para discussões e divórcios.

É importante lembrar, que mesmo o casal optando por contas separadas, é preciso uma atenção especial quanto à possível discriminação em relação com quem mais ou menos. É uma família, e sempre recomendo que mesmo com receita separada por contas, deve ser pensada e somada para que todos possam participar. Desde modo, é possível definir um limite de gastos para cada um e fazer com que essa regra seja respeitada. Não estando de acordo com o pensamento do marido ou da esposa, é importante iniciar novamente um diálogo para (re) planejar o orçamento familiar.

Aprenda 4 segredos para um casal 100% educado financeiramente.

1º – Reunião familiar – Faça uma reunião com todos os membros da família, inclusive crianças se tiver. A saúde financeira da família só será possível se todos os membros se envolverem. Nessa conversa inicial, é importante que a família descubra a realidade financeira que está vivendo, buscando responder as seguintes questões: Temos reserva em dinheiro? Quais as dívidas que possuímos e qual o valor, taxa de juros e tempo para quitação? Quais os bens que possuímos? Qual a receita líquida mensal da família? Para onde está indo a maior parte dos meus rendimentos? Quais as principais despesas? Respondendo de forma sincera a essas perguntas, você estará fazendo um diagnóstico financeiro da vida da família.

2º – Sonhar – A partir dessa reunião os membros da família devem descobrir quais são os seus sonhos, de curto, médio e longo prazos. É importante que haja um consenso para que todos possam realizar os seus sonhos. Procure evitar o crediário para realizar seus sonhos, quem compra de forma parcelada paga juros, quem paga juros realiza menos sonhos.

3º – Orçamento Familiar – Agora é o momento de descobrir o verdadeiro “eu financeiro” de cada membro da família. Acompanhe os gastos diários, desde uma bala até a prestação da casa ou do carro, pelo prazo máximo de até 3 meses, para identificar para onde está indo cada centavo do seu dinheiro. Durante esses dias é bem provável que a família leve um susto, pois descobrirmos coisas nos pequenos gastos às vezes são desprezados e causam um grande problema.

Passado esse processo de identificar para onde está indo o dinheiro, é o momento de saber o que é supérfluo, desperdício e necessário para a família. Além de saber exatamente quais são as dívidas (se tiver), e incorporando a prática de separar parte dos seus ganhos para a realização dos sonhos, antes de sair gastando todo o dinheiro.

4º – Poupar – Desde criança, essa habilidade deveria ser trabalhada em casa, ou com auxílio das escolas que já deveriam adotar a educação financeira co disciplina. Para você investir, ser independente financeiramente, primeiro você deve poupar depois pensar em como investir. Procure incorporar o hábito de poupar, e posteriormente investir o dinheiro poupado de acordo com cada sonho.

A escola onde seu filho(a) estuda tem a disciplina de educação financeira? Se não, converse coma diretora e faça a sugestão de incluir essa disciplina para seus filhos, onde a família terá o apoio da escola em busca de uma vida sustentável e próspera financeiramente.

Mande sua dúvida para  o e-mail anderson.goncalves@dsop.com.br que terei o maior prazer em responder aqui na coluna do Portal Centro Oeste.