Em entrevista concedida no inicio desta semana (16), o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, explicou que a suspensão da importação de leite uruguaio para o mercado brasileiro é temporária. Em contraponto ao que foi apresentado, o deputado Jaime Martins (PSD/MG) disse ontem (17), em discurso na Câmara dos Deputados, que a medida não pode ser paliativa e que é contrário ao retorno da importação do leite ao país.

Para Martins, além do leite não ter a mesma qualidade do nacional, os produtores têm reclamado que a importação do produto afeta negativamente a formação de preços no mercado doméstico, inviabilizando a produção local. Segundo o parlamentar, dados da Pesquisa Pecuária Municipal feita pelo IBGE indica que Minas Gerais lidera o ranking nacional na produção de leite no Brasil com mais de 9 bilhões de litros por ano.

“O mercado de leite, principalmente o do Centro Oeste de Minas Gerais que é uma grande bacia leiteira do estado e do país, tem sido afetado fortemente. Pompéu por exemplo, tem cerca de 1.800 propriedades rurais e no ano passado teve uma produção próxima a 150 milhões de litros. Atuarei junto ao governo, bem como ao Congresso Nacional, Parlamento do Mercosul e Parlamento Latino Americano, da qual sou membro, para que valorizemos mais nossos produtores locais. Além disso, precisamos repensar com urgência a questão tributária, uma vez que o nosso produtor enfrenta uma série de impostos e taxas, como  Cofins, PIS, Funrurral, INSS e uma grande gama de impostos que o sufocam e tiram a competitividade do nosso produto”, argumentou. 

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, a questão da cadeira produtiva de leite no Brasil afeita cerca de 15 milhões de pessoas que estão diretamente ligadas à produção.

” São produtores, empregados e familiares. Isso, sem considerar a indústria e o comércio da cadeia. O valor pelo qual o leite uruguaio é comercializado está muito aquém do produto brasileiro porque tem subsídio, além da isenção de impostos, tributos e encargos sociais”, pondera. 

Segundo o ministério, a pasta não tem recursos para equilibrar o mercado do leite com compras governamentais do produto e que a crise no setor deve ser resolvida com o aumento da demanda quando a economia melhorar.

“É inadmissível essa posição. É obrigatório, urgente que o nosso país valorize os nossos produtores rurais! Eu apoio o Manifesto em Defesa da Cadeia Produtiva Brasileira lançado esta semana no município mineiro de Prata e estou ao lado dos produtores rurais, lideranças e autoridades do setor” declarou.