Juros do cartão de crédito rotativo disparam para 445% ao ano

Minas Gerais
Por -30/04/2025, às 14H44abril 30th, 2025
Arquivo/Agência Brasil

Taxas médias do crédito para famílias e empresas sobem em março, com alta também no cheque especial e financiamentos

As taxas de juros cobradas pelos bancos aumentaram em março tanto para pessoas físicas quanto para empresas, com destaque para o cartão de crédito rotativo, que atingiu a média de 445% ao ano, segundo dados do Banco Central (BC) divulgados nesta quarta-feira (30).

A modalidade rotativa, uma das mais caras do mercado, registrou alta de 2,5 pontos percentuais (pp) apenas em março e acumula incremento de 23,7 pp nos últimos 12 meses. Apesar da regra que limita a cobrança de juros do rotativo – em vigor desde janeiro de 2024 –, os valores seguem elevados, pois a medida não afeta as taxas já contratadas, apenas novas operações.

Crédito para famílias: cartão parcelado e cheque especial também sobem

No crédito livre para pessoas físicas, a taxa média subiu 0,3 pp em março, chegando a 56,4% ao ano. Além do rotativo, outras modalidades também tiveram ajustes:

  • Cartão parcelado: alta de 0,1 pp no mês (181,1% ao ano), mas queda de 9,6 pp no ano.
  • Cheque especial: recuo de 8 pp em março (134,2% ao ano), porém alta de 6,1 pp em 12 meses.

Desde 2020, o cheque especial tem limite de 8% ao mês (151,82% ao ano), mas os bancos ainda encontram brechas para elevar custos.

Empresas enfrentam juros de até 349% no cheque especial

Para empresas, a taxa média do crédito livre subiu 0,8 pp em março, alcançando 24,6% ao ano. O cheque especial empresarial teve alta de 9 pp, atingindo 349,2% ao ano, pressionando o custo do capital de giro.

Crédito direcionado também fica mais caro

No crédito direcionado (com regras do governo), as taxas também avançaram:

  • Pessoas físicas: 11,4% ao ano (+0,9 pp no mês e +1,6 pp no ano).
  • Empresas: 18,4% ao ano (+4,7 pp no mês e +4,9 pp no ano).

Com isso, a taxa média geral (livre + direcionado) ficou em 31,3% ao ano, com alta de 0,9 pp em março e 3,1 pp em 12 meses.

Selic em alta e spread bancário pressionam custos

O aumento dos juros acompanha a alta da taxa básica (Selic), hoje em 14,25% ao ano. Analistas projetam que o Copom eleve o patamar para 15% até o fim do ano, o que pode endurecer ainda mais o crédito.

O spread bancário (diferença entre o custo de captação e as taxas cobradas) ficou em 19,4 pp, estável no ano, mas ainda elevado, refletindo margens de lucro dos bancos.

Enquanto a inadimplência (atrasos acima de 90 dias) se manteve em 3,2%, com 3,8% para pessoas físicas e 2,2% para empresas. Já o endividamento das famílias ficou em 48,2% da renda anual, com leve queda mensal, mas alta de 0,4 pp no ano.

Conclusão: crédito mais caro e consumo sob pressão:

Com juros altos e perspectiva de nova alta da Selic, o crédito deve continuar caro, impactando consumidores e empresas. Para quem precisa de empréstimos, a recomendação é comparar taxas e evitar o rotativo do cartão, priorizando opções com custos menores.

Com informações da Agência Brasil.