Amanda Quintiliano

O vereador Rodrigo Kaboja (OSD) desafiou “os colegas” a abrirem mão integralmente do salário ou de parte dele. O pronunciamento foi em resposta a Cleitinho (PPS) e Sargento Elton (PEN) que na última reunião oficializaram pedido a Mesa Diretora para analisar  a possibilidade de reduzir os subsídios dos agentes políticos.

Enquanto Cleitinho entrou no clima da “Black Friday” e falou em 50% de redução, Sargento sugeriu 20%. Essa não foi a primeira vez que o tema tomou conta da fala dos parlamentares. Porém, desta vez, provocou reação de Kaboja que há algum tempo tem se mostrado incomodado com as redes sociais. Segundo ele, sem citar nomes, edis vivem no mundo virtual e não sabem como funciona o real.

“Este é o mundo que não se explica muito. O mundo virtual é medido não pelo volume de informações verdadeiras que você apresenta”, afirmou.

“Prefiro me apresentar pelo real, ao invés de um discurso que encanta para conseguir milhares de curtidas e compartilhamentos. Pois que sejamos corajosos não só para falar do mundo virtual, mas para agir no mundo real. O mundo real ele tem que andar par a passo do mundo virtual. Essa é a regra correta quando se quer identificar aqueles completos em seus discursos”, completou.

As afirmações foram apenas preliminares para desafiar os vereadores.

“Qualquer um de nós pode jogar para a galera, mas apresentar uma proposta que corte na própria carne é que são elas. Não adianta ter um discurso no mundo virtual e uma meia ação aqui no mundo real. Por isso eu faço aqui um desafio com todo respeito a todos os nobres vereadores que na última reunião falaram da vontade deles de diminuírem o subsídio”, desafiou.

Kaboja disse que há meios jurídicos para os parlamentares abrirem mão de parte ou integralmente do salário sem, necessariamente, terem que votar em plenário.

“Existe no mundo jurídico o que se chama de efeito disponível que é justamente a sua capacidade de dispor ou abrir mão daquilo que é seu por direito. Nada nos impede de formalizar um pedido para abrir mão de todo ou em parte de seu subsídio”, argumentou, explicando que no final do ano o valor não pago é devolvido aos cofres do Executivo.

“É simples agir no mundo real. Quem quer contribuir com a economia é só fazer sua contribuição. Desafio os nobre colegas a dispensarem pelo menos três assessorias que é o que mais pesa para a câmara. Os assessores ganham quase que o mesmo o vereador”, enfatizou.

Hoje, os vereadores recebem salário bruto de R$10.645 e líquido de R$8,2 mil. O último aumento real foi em 2012.

Ao concluir o pronunciamento, apesar de ter desafiado os colegas, ele deixou claro que não irá dispensar assessores e nem salário.

Esquentou

Durante a reunião, Cleitinho conseguiu uma brecha e alterado rebateu Kaboja.

“Meu dinheiro eu devolvo para o povo, faço o que quiser. Devolve o seu primeiro demagogo. Eu trabalho, faço jus ao salário que ganho. Não fico aqui de picuinha de gabinete a gabinete não […]”, disparou, acrescentando que não fica na prefeitura em busca de cargos.

Sargento Elton também não deixou barato.

“Não vou deixar 20% do meu salário aqui para uma prefeitura que não tem gestão ou para que outras pessoas venha aproveitar para pedir mais cargos”, disse.