Jander Castro ressaltou que o tratamento ainda não possui eficácia comprovada e que o dinheiro poderia ter outra destinação

O tratamento precoce realizado através do chamado “Kit Covid”, continua sendo um dos assuntos principais em Divinópolis. Embora o município tenha descartado estabelecer protocolos, medicamentos já são disponibilizados na rede pública.

Em razão deste cenário, a Comissão de Saúde, Meio Ambiente e Ciência da Câmara, composta pelos vereadores Lohanna França (Cidadania), Zé Braz (PV) e Israel da Farmácia (PTD), se reuniram com o especialista em pneumologia, Jander Castro, para ouvir uma opinião médica.

Segundo o médico, existe uma controvérsia muito grande na medicina brasileira sobre a utilização do medicamento

“As principais sociedades brasileiras que estão à frente do tratamento a Covid, sendo elas, de pneumonia, infectologia, química médica e dos intensivistas, não recomendam utilizar esses kits.  A maioria dos estudos que nós temos, não só no Brasil mas, também no mundo inteiro, mostra que não faz diferença você usar esse tratamento ou não”, afirmou.  

Porém, existe uma autorização da utilização desse kit pelo Conselho Regional e Federal de Medicina, que dá liberdade para o médico optar por esse tratamento ou não. O especialista afirmou que essa é uma decisão médica mas que não concorda com uma possível aquisição pela prefeitura

“Eu acho que a prefeitura gastar um dinheiro que, as vezes muito grande, exorbitante, com uma medicação que até hoje não tem comprovação científica, é um desperdício financeiro. Essa verba poderia ser gasta em outros tipos de tratamento”, ressaltou.

Castro explicou ainda que pode sim existir pessoas que acreditam que o tratamento funciona, mas que por enquanto não existe diferença nos números 

“É lógico que um paciente ou outro vai achar que com o uso do tratamento ele melhorou e não passa mal, porém os trabalhos mostram que se você der o kit ou não, você vai ter a mesma quantidade de pessoas internadas, a mortalidade e letalidade da doença é a mesma”, argumentou.

A vereadora Lohanna França ressaltou que o dinheiro público é muito escasso e precisa ser utilizado em alternativas que realmente funcionam

“ Nós precisamos é de ampliação de testes, das vacinas e principalmente o cuidado e o distanciamento social”, enfatizou.

Do outro lado, o vereador Eduardo Azevedo (PSC) tem feito coro em favor do tratamento precoce.

Protocolo para tratamento precoce

Uma equipe técnica recomendou que o município não adote o protocolo do tratamento precoce. A equipe relatou que “atualmente não há evidências científicas para indicação dos fármacos hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina – associados ou não ao uso de corticosteroides, antibióticos (azitromicina) e vitaminas, dentre outros – na prevenção ou tratamento de Covid-19”.

Na época, o secretário municipal de Saúde, Alan Rodrigo da Silva destacou que, “todavia o médico tem autonomia para prescrição ou não de quaisquer desses medicamentos” e as pessoas devem preconizar os cuidados protetivos como isolamento social, higiene rigorosa e uso de máscaras.

O profissional que optar por prescrever tais medicamentos deverá preencher ou elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), detalhado, compreendido e assinado pelo paciente. A conduta do médico deve ser anotada no prontuário, seja ela de prescrição ou não.

O município fornecerá os medicamentos caso haja a prescrição médica.