O treinamento é realizado anualmente (Foto: Assessoria/Divulgação)

Talita Camargos e

Amanda Quintiliano

Reduzir o número de acidentes de pessoas com deficiência nos ônibus. Este foi o objetivo da Associação de Deficientes do Oeste Mineiro (Adefom), de Divinópolis, ao propor que a segurança ao operar o elevador para cadeirantes se tornasse lei. Depois de reuniões e de sensibilizar os responsáveis pelo transporte coletivo na cidade, ao colocá-los para usar o ônibus em uma cadeira de rodas, a associação conseguiu que a maneira de operar a plataforma e, sobretudo, os cuidados com o cadeirante, ganhassem força em dezembro de 2013. A descrição consta na lei 5801, artigo 19, parágrafo 4.

Segundo o presidente da instituição, Reginaldo Couto, a lei foi importante, mas ainda faltava conscientizar os cobradores e motoristas para fazer com que ela fosse cumprida. Por isso, a Adefom e o Consórcio TransOeste promovem anualmente o treinamento “Gentileza gera Gentileza”. Além de palestras com representantes da entidade, na parte prática os funcionários sentam-se na cadeira de rodas enquanto outro colaborador opera a plataforma da maneira proposta pela lei, com o operador de fora do ônibus.

De acordo com Couto, ter uma pessoa para apoiar o cadeirante ao descer é fundamental, pois é possível que se houver qualquer problema técnico, ele a segure. Tal conscientização evita que acidentes como o que ocorreu com o filho de Márcia Correa, que na época tinha 15 anos, hoje 17, aconteçam. Ela conta que o operador ficou do lado de dentro e em vez de descer a rampa a recolheu. O adolescente caiu na rua e com a cadeira em cima dele.

“Hoje ele está 80% recuperado, na hora vi meu filho morto, mas ficou o trauma”, conta a mãe.

Segundo Reginaldo, esse acidente reforçou a necessidade de os funcionários da frota serem conscientizados. Por isso, eles foram até o Consórcio TransOeste e juntos resolveram tirar do papel a semana “Gentileza gera gentileza”. O reflexo foi a redução das reclamações. Márcia e o filho são prova viva disso. Ela diz que com o início dos treinamentos, os funcionários ficaram mais cuidadosos ao operar a plataforma.

O treinamento é realizado anualmente (Foto: Assessoria/Divulgação)

O treinamento é realizado anualmente (Foto: Assessoria/Divulgação)

Aperfeiçoamento e humanização

O treinamento é feito exatamente para evitar que acidentes como o de Reginaldo volte a engrossar as estatísticas. A proposta é simples: humanizar o atendimento. Essa afirmação partiu do presidente do Consórcio TransOeste, Filipe Carvalho. Além da semana especial, ao longo do ano a equipe recebe orientações e os colaboradores novatos aprendem o passo a passo para manusear o equipamento.

“Esse treinamento é continuo. A gente nunca pode parar […] Queremos que o colaborador dê informações, ajude o usuário a segurar uma sacola, assim como descer do ônibus para manusear o equipamento ou ajudar um deficiente visual a subir, seja pela escada ou pelo elevador”, afirma.

Em maio deste ano, 360 colaboradores, 195 motoristas e 165 cobradores, passaram pela aula que aborda bem mais do que como operar o equipamento, mas questões de comportamento e relacionamento. Divinópolis foi uma das primeiras cidades do país a adaptar 100% da frota, 70% dela é equipada com três portas. A forma de operar o equipamento também só é descrita em lei na legislação da cidade.