“O Brasil convive com uma perceptível falta de interesse do cinema nacional em produzir obras históricas, retratando temas e personagens determinantes para a construção do país”

Lei Rouanet (nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991) é o apelido da Lei Federal de Incentivo à Cultura, uma homenagem ao ex-secretário de cultura Sérgio Paulo Rouanet. Ela foi criada durante o governo Collor e institui políticas públicas a favor da cultura.

O maior objetivo da Lei Rouanet é o uso de incentivos fiscais para que empresas e pessoas físicas possam aplicar uma parte do Imposto de Renda em projetos culturais.

O cinema foi um dos setores culturais que mais se beneficiou com repasses financeiros, sendo criados diversos filmes, de maior e menor qualidade, com roteiros dos mais variados.

De outra parte, em que pese repasses bilionários nas últimas décadas para a consolidação de um circuito de filmes de qualidade, o Brasil convive com uma perceptível falta de interesse do cinema nacional em produzir obras históricas, retratando temas e personagens determinantes para a construção do país.

A transferência da Corte de Portugal para o Brasil (1808); a Guerra do Paraguai e seus conflitos regionais com a participação do Uruguai e Argentina (1864-1870); a Proclamação da República e os seus desdobramentos (1889) . Enfim, temos uma história riquíssima e que é pouco explorada pelo cinema nacional.

É bem verdade que temos algumas contribuições importantes. Contudo, é possível perceber um certo desprestígio da riqueza e da importância histórica das tramas e personagens em algumas dessas poucas produções. Vale citar um dos únicos filmes nacionais sobre D. João VI, produzido por Carla Camurabi. A trama é uma sátira, ridicularizando o monarca do início ao fim.

Cabe lembrar que D. João VI, ao transferir a corte de Portugal para o Brasil, fez da então colônia o centro do império, dando início a um processo de infraestrutura e modernização sem precedentes no nosso território.

Em suma, o cinema nacional precisa se voltar para discutir e resgatar as origens do país. Creio que isso é uma necessidade inadiável.


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