Presidente classifica negação de visto à deputada transexual como “abominável” e reforça soberania brasileira em discurso no Planalto
O presidente Lula criticou publicamente nesta quinta-feira (24) a embaixada dos Estados Unidos no Brasil após a negativa de reconhecimento da identidade de gênero da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) durante a emissão de um visto diplomático. Em reunião no Palácio do Planalto, Lula afirmou que defender a autodeterminação de pessoas trans é “defender a soberania brasileira” e anunciou medidas diplomáticas em resposta ao ocorrido.
Conflito diplomático e política transfóbica
A deputada, que integrava uma missão oficial autorizada pela Câmara dos Deputados para palestrar na Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, teve seu gênero feminino ignorado pela embaixada norte-americana, que registrou seu sexo como “masculino” no visto. Documentos comprovam que Hilton possui certidão de nascimento retificada e passaporte brasileiro com identidade feminina – ambos desconsiderados no processo. Em 2023, a mesma embaixada havia emitido visto respeitando sua identidade.
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Lula vinculou a mudança à Ordem Executiva 14168, assinada pelo presidente americano Donald Trump em janeiro de 2024, que impõe o reconhecimento de gênero apenas como “masculino” ou “feminino”, sem possibilidade de autoidentificação. “Não é o decreto do Trump que vai definir quem essa mulher é. É o Brasil e a ciência”, declarou o presidente, exigindo protestos formais do Congresso Nacional aos pares norte-americanos.
Soberania Nacional em debate
Durante encontro com parlamentares para sanção de projetos de combate à violência contra mulheres, Lula classificou o episódio como “abominável” e ressaltou que nenhuma congressista dos EUA seria submetida a tratamento semelhante no Brasil. “Defender Erika é defender a soberania do nosso país. O visto poderia ser negado, mas não aceitamos tentativas de redefinir quem alguém é”, afirmou.
O Ministério das Relações Exteriores foi acionado para emitir nota oficial de repúdio à “ingerência” da embaixada. A pasta também deve reforçar o posicionamento brasileiro em fóruns internacionais sobre direitos LGBTQIA+. Em comunicado, a embaixada dos EUA confirmou a política de reconhecer apenas sexo biológico “imutável desde o nascimento”, mas manteve sigilo sobre detalhes do caso.
Impacto e repercussão
Erika Hilton, primeira deputada transexual eleita no Brasil, destacou que o apoio de Lula “dá esperança” a mulheres trans e travestis. “Mostra que não estamos isoladas. O governo está comprometido em nos defender”, disse ela, após desistir da viagem. A parlamentar acusou o governo Trump de adotar “política transfóbica” e transformar seu caso em um impasse diplomático.
O episódio reacendeu debates sobre a autoidentificação de gênero e a relação bilateral entre os países. Enquanto o Brasil avança em leis de proteção a minorias, como os projetos sancionados nesta quinta sobre direitos das mulheres, a postura dos EUA reflete retrocessos em políticas de diversidade.
Com informações da Agência Brasil.