Até a manhã de sexta-feira (26) 78% dos leitos de UTI's estavam ocupados (Foto: Divulgação)

Os oito municípios tem média 9,69 leitos de UTI Adulto para cada 100 mil habitantes, revela estudo do projeto Coronavirus-MG.com.br

A microrregião de Divinópolis, composta por oito municípios, conta com 144 respiradores. O levantamento foi feito pelo projeto Coronavirus-MG.com.br e divulgado nesta quinta-feira (23). Desde total, a maior parte está em Divinópolis, 144 e quatro em outros municípios. Entretanto, nem todos estão disponíveis para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Esta é a segunda parte de uma análise que começou a ser publicada na terça-feira (21) pelo projeto, baseada em dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e no Plano Diretor de Regionalização. A maior parte dos respiradores estão na rede pública, totalizando 92, média de 26,1 a cada 100 mil habitantes, outros 56 estão na rede privada.

O levantamento ainda apontou o número de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s – adulto) na microrregião. A média no centro-oeste é de 9,69 a cada 100 mil habitantes. O mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 10. São 76 leitos, deles 34 estão em Divinópolis, 34 na região, na rede pública, os demais na privada.

A microrregião é composta pelas seguintes cidades: Divinópolis, Araújos, Perdigão, São Sebastião do Oeste, Itapecerica, Cláudio, Carmo do Cajuru e São Gonçalo do Pará.

Realidade no estado

Uma a cada três regiões de saúde em Minas Gerais não dispõe de leitos adultos de UTI, necessários no tratamento dos casos graves de contaminação pelo novo Coronavírus. De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), não há nenhum desses equipamentos em 29 das 89 divisões administrativas da rede assistencial – juntas, as localidades desprovidas agregam 196 municípios.

Além destas, segundo o projeto Coronavirus-MG.com.br, outras 27 regiões não se adequam ao mínimo recomendado pela OMS. A análise foi realizada pelo Coronavirus-MG.com.br com base nos últimos registros do Cadastro Nacional de Estabelecimentos (CNES), referentes a fevereiro – as informações coincidem com as fornecidas atualmente pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Minas Gerais possui ao todo 3.096 UTIs, das quais 2.013 (65%) estão disponíveis para atendimentos no sistema público, enquanto as outras 1.083 pertencem a estabelecimentos particulares. Assim como acontece de maneira geral em todo o país, os leitos estão concentrados nas cidades de médio e grande porte. No caso mineiro, em 71 dos 853 municípios.

Por isso, esta análise considera o Plano Diretor de Regionalização, divisão administrativa que reúne as cidades conforme a proximidade entre elas e a disponibilidade de recursos físicos e humanos na rede assistencial.

De acordo com a Secretaria de Saúde, a ocupação atual dos leitos de UTI é de 52% no sistema público em Minas Gerais. Apenas 76 unidades, porém, estão dedicadas a pacientes com desdobramentos graves da Covid-19. Isto é, 3,8% da capacidade do SUS no estado, número comemorado pelo governador Romeu Zema.

“Temos uma das situações mais bem administradas do país”, declarou ele na última segunda-feira (20).

Por outro lado, um estudo divulgado no dia 6 de abril por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estimava que o estado poderia chegar ao esgotamento de suas unidades de tratamento intensivo entre os dias 29 de maio e 22 de junho, em cenários que variam segundo os níveis de contaminação da população (de 0,5% a 2%). De acordo com as projeções mais novas da SES, o pico do número de casos está previsto para o dia 3 de junho.

Em outros países, especialmente nos epicentros da pandemia, a demanda chegou a 24 leitos para cada 100 mil pessoas, segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Em Wuhan (China), primeiro grande foco do novo Coronavírus, esse número foi ainda maior: 26 unidades a cada 100 mil pacientes adultos durante o auge da sobrecarga no sistema de saúde, de acordo com a métrica utilizada em um estudo da Universidade Harvard.

Em Minas, para efeito de comparação, a oferta atual é de aproximadamente 11,7 unidades na rede pública a cada 100 mil pessoas acima dos 14 anos de idade, considerando as projeções de população do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para 2020. Quando somados as UTIs de estabelecimentos particulares, essa taxa média sobe para 18 leitos a cada 100 mil.

Uma das 47 mortes confirmadas até o momento por Covid-19 em Minas Gerais aconteceu numa das regiões desprovidas de UTIs, em Nanuque, no Vale do Mucuri. A vítima, uma mulher de 68 anos, apresentava perfil de comorbidade (outras doenças graves). Não se sabe se a falta de leitos influenciou ou não no óbito, nem se ela estava sendo atendida na própria cidade – o Estado divulga os números por local de residência dos pacientes.

Já há casos confirmados da doença em outras sete microrregiões de saúde sem UTIs: Almenara, Bom Despacho, Frutal, Itaobim, São Gotardo, São João Nepomuceno e Vespasiano. A Secretaria de Saúde informa que o Estado tem sua estrutura de leitos monitorada e há mais 380 unidades em fase de habilitação junto ao Ministério da Saúde.

Com informações do projeto Coronavirus-MG.com.br