Profissional que falou em “tapas e murros” teve o contrato cancelado; Polícia Civil deve apurar participação de outras pessoas

Mãe de uma criança com espectro autista, Vivian Alvarenga cobra mais capacitação das assistentes educacionais. Em áudios compartilhados nas redes sociais, uma profissional sugere agressão contra alunos falando em “tapas”, “murros”, “rasteiras” e “chutes”.

“Se a meninada vier partir para a violência, se você der uns tapas, uns murros, não dá nada não. Isso é defesa”, afirmou em um dos áudios.

Ela foi contratada por meio de processo seletivo pela prefeitura de Divinópolis (MG) para atuar na educação inclusiva com crianças com deficiência ou transtorno do espectro autista. O órgão confirmou, nesta segunda-feira (6/2), que o contrato foi cancelado.

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“Que essas pessoas tenham preparo, o mínimo de conhecimento para atuar com essas crianças, porque os nossos filhos não falam. Se eles apanharem, se forem espancados, se sofrerem agressão verbal ou física, eles não sabem chegar em casa e contar para gente”, afirma Vivian que também é presidente da Associação Amigos dos Autistas e demais deficiências de Divinópolis e Centro-Oeste.

Para ocupar o cargo é exigido apenas ensino médio completo. As profissionais contratadas para a função atuam como apoio ao professor regente, conforme o edital, “dando condição de dignidade a esta criança/estudante conforme determinação constitucional decorrente do princípio da igualdade”.

Vivian destaca que os treinamentos de capacitação ocorrem ao longo do ano, já com as assistentes atuando.

“Eles deveriam ser capacitados antes do início das aulas e não no período letivo”, opina.

Ela ainda convoca “coleguinhas e pais” para que os ajudem sendo “olhos”. Para isso, ela diz que é necessário trabalhar a inclusão e a compressão das deficiências.

“Os coleguinhas, os pais dos coleguinhas, a sociedade, precisam entender o que é a deficiência do neurodesenvolvimento para ajudar a gente e ser os nossos olhos junto conosco. E, principalmente, os educadores verem que as crianças são diferenciadas. Que aquele ambiente para elas é um ambiente novo. É um desafio também para os professores, mas para a criança, além de ser um ambiente novo, é uma adaptação”, explica.

Reunião

Uma reunião com as assistentes contratadas e efetivas foi realizada nesta segunda-feira (6/2) pela Secretaria Municipal de Educação (Semed). O encontro foi realizado em duas etapas por limitação de espaço.

O objetivo foi conduzir alinhamentos sobre o atendimento de apoio aos estudantes público alvo da educação especial.

“Nosso sentido foi de deixar claro para todas as assistentes educacionais qual a obrigação e como deve ser realizado esse serviço que é de tanta responsabilidade”, destacou a vice-prefeita e secretária de Governo, Janete Aparecida (PSC).

Janete disse que as capacitações são normas no município.

“Há realização de, pelo menos, quatro capacitações para assistentes educacionais. Nosso objetivo é que esse número de capacitações possa ser ampliado. Iremos nos encontrar com os pais desses alunos especiais para mostrar que, uma pessoa com uma atitude repreensível como a que aconteceu no final de semana, não caracteriza e nem chega perto da qualidade dos assistentes educacionais que temos no município que são pessoas de conduta ilibada”, salientou.

De acordo com informações apuradas pela reportagem do PORTAL GERAIS este não é o primeiro contrato e atuação da assistente no cargo. No ano passado, ela trabalhou em uma das escolas da rede municipal.