Olá caro internauta. Depois de um hiato maior do que esperava (imprevistos da correria do dia a dia), estou de volta com os artigos para o Portal e retomo com um tema em alta que é o revenge porn.
Para quem desconhece, o termo faz referência à prática da exposição na rede mundial de computadores de imagens e vídeos de pessoas nuas, às vezes em posições sensuais ou até mesmo durante a prática de sexo. E diferente do que muitos ainda acreditam, não só mulheres são vítimas desse tipo de crime, mas também homens, como aconteceu, recentemente, aqui em Divinópolis. Ninguém está fora de risco de se tornar mais uma vítima de praga.
Entretanto, acredito que ver o revenge porn somente por esse ponto de vista seja algo muito simplista, para não dizer inocente. Como eu mesmo já tratei por aqui, nessa nova era digital, a privacidade é um privilégio que poucos têm. Ou querem ter. A exposição e a auto exposição, já se enraizaram de tal forma na nossa cultura, que muitos têm mudado a maneira de entender esse tipo de ação. E somemos então o Whatsapp para engrossar o caldo.
Dados da ONG End Revenge Porn e da McAfee, apontam que 49% dos usuários que possuem smartphone, costumam enviar fotos e mensagens íntimas para seus companheiros (sejam eles oficiais ou não). Nesse ponto, o Whatsapp é campeão: são 465 milhões de usuários ativos, sendo 38 milhões só no Brasil.
Se você tem Whatsapp e não compartilhou nenhuma imagem íntima com seu companheiro ou companheira, pode ter certeza que algum amigo do trabalho, colega de escola ou aquela caixa bancária com ar de séria, já o fizeram (e na verdade, continuam fazendo). Acredito que certa forma, todo ser humano goste um pouco de voyeurismo, e isso não tem nada de errado ou doentio (sem exageros, claro).
Para quem envia essas imagens somente para atiçar o relacionamento, o risco está quando a pessoa que recebeu decide prejudicá-la ou quando o celular é perdido com material comprometedor. Ah, você apaga as imagens comprometedora dos seu celular? Bom, acredito que seja bom saber que o Whats mantêm um registro interno de todas as imagens, que não aparecem na galeria e caso não sejam apagadas manualmente, se mantêm na memória do telefone, aguardando o dia em que serão encontradas por um invasor.
Não importa que seja homem ou mulher e nem se a foto é apenas de nu frontal ou um vídeo curto de sexo. Essa é a prática de revenge porn, considerado crime. Inclusive, há um vídeo feito por uma atriz pornô brasileira como campanha para combater esse crime. Nele, a atriz Lola e o ator Loupan, simulam uma cena amadora de sexo, quando a atriz pega o telefone e passa a mensagem: “O que para você é mais um minutinho de curtição, para elas é muito sofrimento e até suicídio. Não seja cúmplice. Ao invés de compartilhar os outros vídeos, compartilhe esse aqui”. Boa iniciativa, já que vídeo foi feito para veicular pelo Whatsapp e, óbvio, marketing pessoal para a atriz.
E por falar em publicidade, há ainda o outro lado da história. Existe quem queira se expor dessa forma. Alguns porque pouco se importam com o que os outros digam ou se importam, e muito, com o que os outros digam. São as fotos de sexo ostentação, por exemplo. Pegando carona nas ondas do selfie, casais agora postam fotos do pós-coito; alguns durante o próprio coito. Como há gosto para tudo, há quem goste, curta e compartilhe.
Não quero aqui menosprezar os danos que um revenge porn pode causar para uma pessoa, principalmente em cidades de menor porte. Na verdade, proponho aqui uma análise mais crítica na linha tênue que muitas vezes separa um ato criminoso de uma ação de publicidade. Duvido muito que alguém seja fotografado nu, em poses sensuais, sem o seu consentimento ou transava com seu companheiro (a) se expondo para a câmera contra o seu gosto. A exposição foi consentida e a partir dali, acreditar e confiar que a imagem nunca irá vazar, é uma leviandade muito grande.
Não sou adepto a este tipo de prática, porque sou da geração que nasceu sem a internet e valoriza muito a privacidade, mas acredito que posso dar um dica. Se quer se expor para a rede, o faça. O máximo que vai acontecer é ter suas fotos excluídas do google ou do youtube, por serem pornográficas. Agora, se quer somente apimentar a relação à dois, com fotos sensuais ou vídeos calientes, tenha a certeza absoluta que deletou definitivamente o arquivo, principalmente no aparelho celular do companheiro ou companheira. Porque já dizia uma das leis de Murphy: se algo pode dar errado, com certeza dará, da pior forma possível e no pior momento possível.
Matéria extremamente interessante sobre o assunto do portal Administradores
http://administradores.com.br/noticias/tecnologia/o-fim-da-confianca/85010/
Link para o vídeo da Lola, devidamente editado
http://extra.globo.com/noticias/brasil/em-video-compartilhado-no-whatsapp-atriz-porno-faz-campanha-contra-divulgacao-nao-autorizada-de-imagens-intimas-11996455.html
Douglas Fernandes
Professor de Jornalismo da Faculdade Pitágoras e assessor parlamentar
Graduado em jornalismo e pós graduado em imagens e cultura midiática pela UFMG e em poder legislativo e comunicação pública pela Escola do Legislativo de Minas