Entre dificuldades e falta de valorização, a arrecadação mensal de toneladas de lixos geram dinheiro para o sustento de coletores e associações

Marcelo Lopes

Conseguir uma renda no final do mês não é tarefa fácil, ainda mais em meio a crise econômica vivenciada em todo o país. O desafio se torna ainda maior quando, nessa situação, além das despesas, o sustento de uma família também entra no já apertado orçamento mensal.

Este roteiro faz parte da vida de muitas pessoas que trabalham diariamente para conseguir uma renda. Isso também se faz presente no dia a dia dos catadores de materiais recicláveis, em Divinópolis, cidade que produz cerca de 120 toneladas de lixo todos os dias.

ASCADI

Foto: Divulgação

A Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Divinópolis (ASCADI), possui sete catadores, que recolhem por mês uma média de dez toneladas de lixo reaproveitável.

Segundo a diretora, Gisele Xavier, a carga pode render no total, o valor de aproximadamente R$ 5 mil. Desta quantia, uma parte é descontada do frete e o restante é dividido entre os catadores. Esta estimativa de quantidade de carga pode variar de acordo com a época do ano.

“Quando estamos na época de inverno já é mais complicado fazer uma carga, recolher os materiais. Agora quando estamos em dias mais quentes, o rendimento é grande”, disse.

A associação recolhe materiais recicláveis de cinco bairros da cidade, sendo eles Esplanada, Porto Velho, Sidil e Centro. Do que é coletável, os materiais recicláveis, em maior quantidade, segundo Gisele, são papelão e plástico. Da carga, uma média de 80% pode ser reaproveitada. O lixo é encaminhado para Belo Horizonte em todos os meses.

ACAREN

Já a Associação de Catadores Recicláveis do Niterói (ACAREN), trabalha de uma maneira diferente. Segundo o presidente, Adelmo Teodoro, a entidade, que por mês arrecada em torno de 45 a 50 toneladas, possui oito recolhedores de lixo. Cada um deles tem um salário fixo de R$ 1,5 mil por mês, além do que é obtido por um rateio de materiais como lata, cobre e metal semestralmente para ajudar no sustento de quem colabora com o serviço.

“Primeiramente, o nosso trabalho, como de qualquer ser humano digno, é de levar o sustento, que é o melhor para a família. Isso procuramos fazer de uma maneira sensata, porque o nosso volume é muito grande. Assim vamos trabalhando. Hoje mesmo saiu uma carga de 2 toneladas de plástico para São Paulo. A associação que tem o maior volume de material é a nossa. Procuramos trabalhar deste jeito, estando dentro das leis e das normas municipal, estadual e federal. Nós mesmos pagamos o nosso INSS”, ressaltou.

Adelmo também relatou para o PORTAL que a associação possui uma folha mensal de R$ 16 mil a R$ 18 mil, devido a ausência de ajuda do Poder Público para gastos como água, luz e aluguel, dinheiro este que é obtido do próprio trabalho. O presidente também disse que Divinópolis seria uma cidade ainda melhor se o trabalho dos catadores e o meio ambiente tivesse mais reconhecimento.

“Aqui em Divinópolis, só é reciclado 8% do lixo básico. O lixo da cidade é um dos mais ricos de Minas Gerais. É por isso que não se tem mais espaço para fazer aterros. Se a Prefeitura tivesse olhos para as associações, não só para a ACAREN, estaríamos vivendo em uma cidade melhor. Seria uma valorização do catador e também do meio ambiente”, finalizou.