3 casos foram confirmados na cidade e um é investigado (Foto: Reprodução)

Por Dr. Michel Fiúsa

Recentemente temos ouvido falar de casos de febre maculosa em nossa região centro-oeste de Minas, mais especificamente em Divinópolis, mas também na região da lagoa da Pampulha em Belo Horizonte, e notamos várias pessoas preocupadas com esta doença e suas consequências, então surgiu uma dúvida: Você sabe o que é Febre Maculosa?

A Febre Maculosa é uma doença rara, que atinge cerca de uma pessoa a cada grupo de 500.000 por ano no mundo, e, no Brasil as maiores incidências ocorrem em Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. É causada por uma bactéria chamada Rickettsia rickettsii, que é transmitida a um animal silvestre ou doméstico e, eventualmente, a nós humanos, pela picada de um carrapato infectado.

 No Brasil, o carrapato da espécie Amblyomma cajennense, conhecido como carrapato estrela é o principal transmissor, apesar de qualquer espécie de carrapato poder transmitir. O carrapato se contamina de duas formas distintas: ao picar um animal que esteja infectado ou por transmissão vertical, que é quando o carrapato infectado transmite a bactéria diretamente aos seus descendentes através de seus ovos. Os principais animais infectados são geralmente cavalos, cães, capivaras, gambás, coelhos e algumas aves. Os humanos são hospedeiros acidentais, pois não são os “alvos” principais dos carrapatos.

Os sintomas da Febre Maculosa são muito variados e inespecíficos, como febre alta, dores pelo corpo, mal-estar generalizado, vômitos, dor de cabeça, o que dificulta sua identificação rápida e a confunde com várias outras doenças, porém existe um sintoma que chama a atenção, a mácula (de onde vem o nome da doença) que se caracteriza por lesões rosadas pelo corpo, principalmente em punhos e tornozelos que podem progredir para face, tronco, mãos e pés. Esta mácula aparece geralmente entre 2 a 3 dias após o início da febre, mas cerca de 10% dos casos não apresentam este sintoma, o que também contribui para dificultar o diagnóstico, que é feito principalmente pela história de picadas recentes de carrapatos (entre 2 a 14 dias do início dos sintomas) com a presença de febre associada, além de exames de sangue, estes últimos demoram dias para ficar prontos e servem para confirmar ou descartar a Febre Maculosa, porém não devem ser aguardados para o início do tratamento, que deve ter início imediato após a suspeita clínica da doença.

A mortalidade da Febre Maculosa está diretamente ligada ao rápido diagnóstico e início precoce do tratamento, que se baseia principalmente em antibióticos específicos. Se iniciado até o 3° dia dos sintomas a cura é de até 98% em crianças e adultos jovens e até 91% em idosos, porém a mortalidade pode chegar a até 80% dos casos não tratados.   

Outro ponto interessante é que o carrapato infectado gasta cerca de 4 horas, a partir do momento da picada, para transmitir a bactéria, ou seja, caso tenha contato deve-se retirá-lo rapidamente e com cuidado para não deixar parte da boca do carrapato aderido no local, e não se deve espremê-lo quando ainda estiver grudado na pele, pois desta forma pode-se facilitar a transmissão.

Portanto, a febre maculosa, apesar de rara, é muito grave e caso apareça algum destes sintomas acima após picadas de carrapatos o ideal é procurar imediatamente atendimento médico e informar sobre as picadas, pois assim você facilita a rápida identificação e tratamento adequado desta enfermidade e reduz muito as chances de complicações. 


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*Dr. Michel Fiúsa Menezes

Médico Generalista formado pela Faseh – Faculdade da Saúde e Ecologia Humana, em 2012, Com atuações nas áreas de Clínica Médica, Pediatria, Geriatria, Urgência e Emergência e Saúde da Família, em Divinópolis e Região.