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Portal Centro-Oeste

O alto custo da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto, em Divinópolis, o atendimento além da capacidade e a falta de medicamentos, de materiais e de recursos para pagamentos da equipe foram alguns dos problemas apontados, nesta quarta-feira (29), em audiência pública. Na reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o diretor clínico da UPA, Rodolfo Monteiro Barbosa sinalizou uma nova paralisação caso o acordo firmado com o município não seja cumprido nos próximos dois dias.

Durante a audiência ele apontou que a unidade sofre com falta de medicamentos e materiais, sendo que existem médicos que estão há dois meses sem receber seus salários.

“Se essa situação não for resolvida, vamos paralisar na sexta-feira e atender apenas a emergência e urgência”, afirmou à ALMG.

Ao PORTAL, ele disse que se o pagamento devido e acordado não for pago que o atendimento será limitado a partir desta sexta (01). Ele ainda afirmou que aguardará uma posição pelos próximos dois dias por parte da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).

“Se o prazo não for cumprido, vamos voltar a paralisação”, enfatizou.

Ao ser questionado pelo PORTAL, se a categoria está disposta a um novo acordo, caso o prazo não seja cumprindo, ele disse que “tudo deve ser conversado e documentado para não deixar a população mais prejudicada”.

Segundo ele, a equipe não vai deixar a UPA fechar, mas é necessário ter recursos para que a população possa ser atendida. Rodolfo Barbosa completou que, atualmente, existem 50 pessoas internadas na UPA recebendo tratamento que deveria ser dado em âmbito hospitalar, sendo que há idosos e pacientes com fraturas aguardando a internação.

Nesta terça-feira (28), o vice-prefeito, Rinaldo Valério disse que o município deu entrada nos documentos para o recebimento da emenda do deputado federal, Domingos Sávio (PSDB), no valor de R$1 milhão. A liberação do recurso já foi publicada pelo Ministério da Saúde.

Capacidade

O diretor administrativo da UPA Padre Roberto, José Orlando Fernandes Reis, explicou que, apesar da capacidade de atendimento de 350 pessoas, a unidade atende cerca de 400 pacientes por dia, sendo que, em média, 7% deles necessitam de atendimento hospitalar. Atualmente, a UPA tem 25 leitos para pacientes que deveriam aguarda por, no máximo 24 horas, vaga em hospital, mas, segundo ele, há casos em que eles chegam a ficar durante três meses, já que os hospitais não conseguem atender à demanda.

 

Apelo

Vereadores de Divinópolis presentes na reunião também fizeram um apelo em prol da UPA. O presidente da Câmara Municipal de Divinópolis, vereador Adair Otaviano de Oliveira, criticou o descaso do Governo do Estado e afirmou que a UPA está agonizando e os médicos estão trabalhando sobre pressão.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Divinópolis, Warlon Carlos Elias, afirmou que o conselho não irá permitir o fechamento da UPA. Ele fez questionamentos sobre a gestão da unidade que é administrada pela Santa Casa do município de Formiga.

Um pedido de instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar o contrato foi protocolado nesta terça-feira (28) na Câmara de Divinópolis.

Sem solução

A assessora técnica da Coordenação Estadual de Urgência e Emergência, Érika Santos, reconheceu o atraso no repasse dos recursos do Governo do Estado, que representam 7% do custo da UPA de Divinópolis. Ela apontou, entretanto, que esse valor devido não cobre um mês das despesas da unidade, sendo necessário que o debate ocorra além da questão financeira.

Érika Santos apontou que o Ministério da Saúde está realizando o Plano de Ação Regional (PAR), com o objetivo de avaliar a situação do atendimento da saúde em toda a região. A referência técnica da coordenação estadual, Diovana Paiva, explicou que a expectativa é que, com o PAR, sejam criadas possibilidades para desafogar o atendimento em Divinópolis.

Érika Santos ainda citou a necessidade de buscar outras soluções, discutindo, por exemplo, a gestão clínica da região. Ela disse que a implantação do SAMU na região foi uma alternativa oferecida pelo governo estadual.

Deputados 

Deputados presentes na reunião condenaram a falta de recursos para a saúde, em especial para as UPA’s. Eles apontaram que as unidades de pronto atendimento prestam um serviço importante no atendimento da população em Minas e não podem ter suas funções comprometidas.

O autor do requerimento, deputado Fabiano Tolentino (PPS), afirmou a UPA de Divinópolis chegou a ficar fechada durante alguns dias por falta de recursos.

“Este descuido com a UPA não pode continuar. Não podemos chegar nesse ponto de novo”, disse.