Com redução dos atendimentos a superlotação da UPA pode piorar (Foto: Amanda Quintiliano)

Amanda Quintiliano

Os médicos contratados da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis decidiram, em assembleia na noite desta terça-feira (07), que irão restringir os atendimentos apenas aos casos considerados de urgência e emergência. O indicativo de paralisação parcial será comunicada ainda nesta quarta-feira (08) ao Ministério Público, Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Conselho Regional de Medicina (CRM).

A medida será adotada se os honorários em atrasos – três meses – não forem quitados integralmente até o dia 14. Os salários são apenas um dos problemas enfrentados. Os médicos alegam que a UPA não tem condições físicas para receber pacientes. Além da falta de medicamentos e equipamentos. Se não obtiverem resposta para todos estes gargalos, casos mais simples não serão atendidos.

“Ficou decido pela totalidade dos presentes que se até o dia 14 a situação não for regularizada iremos atender apenas urgência e emergência. Somos médicos, ser humanos não vamos negar atendimento graves, apenas atendimentos de menor gravidade. Esses pacientes terão que procurar outro hospital ou posto de saúde. Não temos condições física de atender este pessoal”, contou um médico ao PORTAL.

O médico ainda citou outro caso agravante. A UPA recebe estudantes da Universidade de Itaúna, segundo ele, sem a estrutura necessária.

“Queremos mais segurança no trabalho, medicações e equipamentos. A faculdade de Itaúna manda os meninos do 6º ano para cursarem a emergência com a gente, não temos como ensinar a eles corretamente sem material de trabalho correto e com os corredores abarrotados de pacientes”, afirma e acrescenta:

“Não tem segurança, tem assassinato, gente usando drogas do lado de fora. Já tentamos e não tem respostas de ninguém”.

UPA

O superintendente da UPA, José Orlando Fernandes Reis disse que o pagamento de agosto será quitado até o dia 13 de novembro. O de setembro até o último dia útil deste mês e o de outubro até o dia 15 de dezembro. Ainda não há previsão para o pagamento de novembro com data de vencimento em dezembro.

“Ainda não temos previsão para o pagamento de novembro, porque o Dr. Rinaldo [vice-prefeito] vai se reunir com Ministério Público para ver se tem condições de aportar de outra pasta para ser remanejado para a de saúde e, assim, colocar em dia”, explica.

Em outras palavras é tirar, por exemplo, de outra secretaria e repassar para a de Saúde.

“Palavras do Dr. Rinaldo: a partir de janeiro os pagamentos serão regulares, sem atrasos, ou seja, até o último dia útil do mês subsequente. A partir de janeiro não terá escalonamento também do pagamento dos demais funcionários”, esclarece.

Medicamentos

Reis confirmou que houve um período de 90 dias com falta de medicamentos importantes.

“Durante este período a Santa Casa de Formiga conseguiu fazer algumas compras a prazo com alguns fornecedores, até nós mesmo fizemos compras diretas da UPA para não faltar no momento crucial dos atendimentos. Agora foi restabelecido”, garante.

Superlotação

Sobre a superlotação, o superintendente reconheceu que o problema persiste. A proposta de Protocolo de Contrarreferência foi concluída nesta terça-feira (07). Anunciada no mês passado ela consiste em restringir os atendimentos àqueles que realmente são obrigações da UPA.

Um dos problemas de superlotação da unidade é exatamente devido à baixa procura de pacientes por outros pontos de atenção, como postos de saúde.

“Vamos passar para a Secretaria Municipal de Saúde. Assim que validarem o protocolo colocaremos para funcionar”, afirma.

O paciente que procura a UPA, que passa pelo acolhimento e classificação de risco e é constato que não é urgente e nem pouco urgente (verde e azul) ele será direcionado para o centro de saúde em que ele é cadastrado.

“O paciente verde terá o atendimento garantido naquele dia e iremos garantir o transporte. O paciente azul, terá a consulta agendada nestas unidades. Um exemplo de paciente azul é renovação de receita ou aquele tem sentido dor de cabeça, mas não está com dor naquele momento”, explica.

Retaguarda

O outro problema são os leitos de retaguarda.

“Essa é uma questão que ainda está em discussão. Já até passamos algumas alternativas de soluções para a Semusa. Uma delas é abrir o antigo pronto socorro e transforma-lo em unidade de internação. Outra é fazer convênio e comprar leitos em hospitais particulares da cidade, no Bento Meni ou São João de Deus. Outra é finalizar pelo menos uma parte do hospital regional, que é a mais difícil porque o município não tem condições de fazer”, cita.

Todas as alternativas já foram repassadas para a Semusa e também são acompanhadas pelo vice-prefeito, Dr. Rinaldo Valério.