“O que a memória ama fica eterno”: verso da divinopolitana Adélia Prado dá sentido ao espaço, que eterniza as 270 vidas perdidas no rompimento da barragem.
No último sábado (25/01), o Memorial Brumadinho abriu suas portas, marcando um importante momento de homenagem às 270 vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão. O desastre, ocorrido há seis anos, em 25 de janeiro de 2019, transformou profundamente a história de Minas Gerais.
Logo na entrada, uma frase de Adélia Prado, poetisa de Divinópolis, reflete o propósito do espaço: “O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.”
Esses versos reforçam o compromisso com a preservação das histórias e dos legados das vítimas.
Espaço de reflexão e homenagem
Para atender ao desejo das famílias, a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem (Avabrum) escolheu o local onde o memorial foi construído.
Além disso, o projeto arquitetônico, desenvolvido pelo escritório Gustavo Penna & Arquitetos Associados e financiado pela Vale, oferece um espaço dedicado à memória coletiva e à reflexão.
O memorial conta com uma escultura-monumento, dois espaços meditativos, salas de exposição e uma área que reúne os segmentos corpóreos das vítimas encontrados nas buscas.
Na parte externa, um bosque de 270 ipês-amarelos simboliza, de maneira sensível, cada vida interrompida.
Desde 2019, a Avabrum buscou tornar o projeto realidade. Em 2023, um Termo de Compromisso firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) permitiu a execução da obra.
Agora, a Fundação Memorial de Brumadinho, em conjunto com as famílias, realiza a gestão do local.
Tragédia e resistência
O rompimento da barragem despejou 12 milhões de m³ de rejeitos, devastando comunidades, o Rio Paraopeba e instalações da Vale.
Embora 267 vítimas tenham sido identificadas, três continuam desaparecidas. Assim, a tragédia gerou mudanças importantes na fiscalização de barragens e aumentou os debates sobre segurança e responsabilidade na mineração.
Nesse contexto, o Memorial Brumadinho se consolida como um espaço que representa a resistência das famílias, mantendo viva a memória das vítimas e promovendo justiça.
Adélia Prado: a força da cultura mineira
Os versos de Adélia Prado eternizam o amor e a memória no memorial. Além disso, a poetisa, que nasceu em Divinópolis, completou 89 anos em dezembro de 2024 e se destaca como uma das maiores vozes da literatura brasileira.
Por exemplo, em 2017, ela recebeu o prêmio Conjunto da Obra pelo Governo de Minas Gerais, sendo a primeira mulher a conquistar essa honraria.
Com poemas que tocam gerações, Adélia simboliza, por meio de suas palavras, a importância de perpetuar as histórias das vítimas. Assim, ela reforça a conexão entre arte, humanidade e memória no Memorial Brumadinho.