Secretário de governo reconhece a própria assinatura e dá a entender que assina documentos da prefeitura sem ler
Marcelo Lopes
A secretária de Administração, Raquel Oliveira e o de Governo, Roberto Chaves negaram terem levado o decreto de nomeação para Marcelo Marreco. Ambos foram ouvidos, nesta segunda-feira (13), pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga suposta negociata de cargos na Prefeitura de Divinópolis.
Apesar de confirmar ter ido até a casa de Marreco um dia antes dele usar da Tribuna Livre, a secretária não admite ter levado a minuta do documento. Entretanto, nem ela e nem Chaves explicaram como o decreto, assinado pelo prefeito Galileu Machado (MDB) e pelo próprio secretário de governo, chegou até às mãos do denunciante. Segundo Raquel, ela foi até o local após receber ligação do editor do Divinews, Geraldo Passos.
Na oitiva, ela contou que o editor entrou em contato com ela por não ter encontrado mais nenhuma outra pessoal disponível. Ele teria ligado a pedido de Marreco. Mesmo tendo informado a ele que o assunto não correspondia à pasta dela, houve uma insistência. O denunciante teria dito que se não houvesse diálogo seria provocada uma situação de ingovernabilidade.
Diante disso, a secretaria afirma ter ligado para Roberto Chaves pedindo que a acompanhasse até a casa de Marreco. Geraldo Passos também os acompanhou. Ao chegar lá, o editor do Divinews ligou para o denunciante e ele saiu para fora. Em seguida teria entrado dentro do carro, falado sobre a insatisfação e pedido uma diretoria.
Raquel afirmou que Marreco não tinha requisitos para o cargo e diante da negativa, ele teria ameaçado procurar os vereadores Edson Sousa (MDB) e Dr. Delano (MDB) para fazer denúncias contra o prefeito.
Ela negou qualquer diálogo com o ex-assessor especial Fausto Barros.
Raquel também confirmou, apesar de ter dito que ele não teria perfil para o cargo, que Marreco seria nomeado após a aprovação da Reforma Administrativa. O prefeito teria mudado de ideia por “quebra de confiança”, após os áudios vazarem para a imprensa.
Roberto Chaves
Mesmo com a assinatura dele no decreto, o secretário de governo disse que não tinha conhecimento da nomeação de Marreco e que assinou como “assina qualquer documento”. Considerando a afirmação, ele teria assinado sem ler, assim como assina outros também sem ler. Afirmou que não houve publicação de decreto.
Ao contrário de Raquel, Roberto disse que dentro da exigência legal, Marreco detém os requisitos para preencher um cargo público, devido a experiência com gerenciamento de um restaurante.
Próximos passos
O prefeito iria depor nesta tarde, mas uma prerrogativa que dá ao depoente o direito de ser ouvido no próprio ambiente de trabalho foi usada pelo Executivo. A audiência terá uma nova data, desta vez, na sede da Prefeitura.
Também está sendo estudada uma acareação entre Roberto e Marreco, proposta por Edson Souza. O assunto será estudado pelos membros da comissão.