O Ministro da Saúde, Ricardo Barros deixou Divinópolis assim como encontrou: sem qualquer aporte para estancar a pior crise já enfrentada na história da cidade e região. Sem falar em ações concretas chegou a prometer que o “Hospital São João de Deus não fecha”, mas não sinalizou como poderá contribuir para a assistência ser mantida.

Barros começou a visita pelo Hospital Público. Repetiu afirmações já feitas outras vezes pelas lideranças locais. Mencionou a verba (R$ 15 milhões) conquistada pelo deputado federal, Domingos Sávio (PSDB) para ajudar a equipa-lo. Entretanto, não falou em liberação imediata de novos recursos para concluir a obra que segue para o segundo processo licitatório.

“Ele se comprometeu a fazer o possível para que o Ministério consiga o recurso necessário para complementar a aquisição e, posteriormente, garantir a contribuição necessária para que o hospital funcione plenamente”, completou Domingos.

Uma demonstração do funcionamento do aparelho foi feita durante inauguração (Foto: Divulgação)

Uma demonstração do funcionamento do aparelho foi feita durante inauguração (Foto: Divulgação)

De lá, ele partiu para inaugurar o acelerador linear do Hospital do Câncer. O aparelho comprado com emenda parlamentar do deputado federal, Jaime Martins (PSD) e contribuição da Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste (Acccom) dobrou a capacidade de atendimentos e irá elevar a receita do São João de Deus em R$ 300 mil.

O ministro acompanhou uma seção de radioterapia, ouviu dos técnicos como a máquina opera e seguiu para a reunião de trabalho com lideranças locais e regionais no auditório do São João de Deus. Foram mais de duas horas de conversa. Prefeitos, vereadores, secretários dos municípios do Centro-Oeste descreveram os problemas enfrentados, apontaram soluções e pediram ajuda.

O déficit de leitos é o principal gargalo somado à baixa tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Há leitos, capacidade de ampliação, mas não há dinheiro para combater um dos principais motivos para a superlotação das Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s – 24 horas). O vereador Edimilson Andrade (PT) entregou nas mãos do ministro o pedido de apelo para a União olhar pela região.

“Divinópolis tem 0,5 leitos para cada 100 habitantes quando o recomendado é de 3 a 5. Minas Gerais tem 2,5 e ainda assim Divinópolis está abaixo da média”, introduziu antes de entregar o documento.

A falta de compromisso da União para o custeio da UPA foi mencionado pelo prefeito, Vladimir Azevedo (PSDB). São injetados quase R$ 2 milhões por mês para uma ajuda de R$ 600 mil. O município ainda aplica quase 26% do orçamento em saúde.

Oncologia

Várias lideranças participaram da reunião (Foto: Amanda Quintiliano)

Várias lideranças participaram da reunião (Foto: Amanda Quintiliano)

Na reunião, médicos do Hospital do Câncer pediram a expansão dos atendimentos e cobraram um novo acelerador linear.

“A radioterapia no país vai entrar em colapso”, afirmou Dr. Thiago, explicando que os aparelhos ainda não atendem a demanda, quando um quebra a fila de espera aumenta ainda mais.

Ele foi mais longe. Mencionou a crise do São João de Deus e afirmou que “chegaram próximo do limite” e que “da forma que está não dá para continuar”.

Os primeiros passos para a compra do terceiro aparelho já foram dados.

 “Já falamos sobre isso e irei direcionar minha emenda para que possamos comprar mais um”, reforçou Jaime Martins.

Um dos fundadores da Acccom, o médico Roney Quirino aproveitou para cobrar a implantação de atendimentos pediátricos oncológicos. Dr. Roney lembrou que há apenas um de referência em Minas Gerais e que as crianças precisam deixar o Estado para iniciarem o tratamento. O principal destino é São Paulo.

“Temos condições de atender pediatria aqui em Divinópolis”, enfatizou.

A visita começou pelo Hospital Público (Foto: Divulgação/MS)

A visita começou pelo Hospital Público (Foto: Divulgação/MS)

Ministro

O ministro chegou a afirmar que o São João de Deus não fechará as portas. Em entrevista à imprensa ele tratou a crise como “problema de gestão” e que o assunto está sendo discutido com lideranças políticas.

“Esperamos que se resolva rapidamente”, ressaltou, sinalizando o refinanciamento da dívida do hospital.

“Existe o PRO-SUS que é recurso do BNDES que é repassado para a Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Brasil para o refinanciamento desses passivos, então esperamos que os hospitais filantrópicos consigam e tenham rapidamente ânimo econômico porque representam mais de 50% dos atendimentos do SUS”, pontuou.

Samu

Sobre o Serviço de Atendimento Móvel à Urgência (Samu), Ricardo Barros disse que é prioridade do governo e assim que sair o recurso será publicada a liberação, mas não adiantou datas.