Motorista leva 12 multas e questiona rotativo em Divinópolis

Minas Gerais
Por -26/03/2025, às 17H26março 26th, 2025
Motorista leva 12 multas e questiona ativação automática do rotativo em Divinópolis.(FOTO: Divulgação PMD)
Motorista leva 12 multas e questiona ativação automática do rotativo em Divinópolis.(FOTO: Divulgação PMD)

Ele diz que mesmo ativando o crédito automático, houve aplicação de multas; Settrans explica como funciona rotativo e a ferramenta em Divinópolis

Em Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas, o sistema de rotativo do estacionamento tem gerado grande revolta entre motoristas. Um caso em particular está chamando atenção pela quantidade de multas aplicadas a um cidadão. Edmar Rodrigues, motorista da cidade, foi multado 12 vezes pelo sistema, mesmo possuindo créditos suficientes no aplicativo Vaga Azul. Ao todo, soma R$ 2.342,76 em multas.

Com isso, ele se viu obrigado a questionar a validade e a transparência do sistema do rotativo que, conforme ele, mais parece uma “fábrica de multas” do que um mecanismo para facilitar o estacionamento na cidade.

Edmar, desabafou em entrevista à nossa equipe sobre o que considera um sistema falho e explorador, que prejudica quem já cumpre suas obrigações.

“É inacreditável! Eu paguei os créditos, estava dentro da legalidade, e mesmo assim acabei multado. Isso é uma verdadeira armadilha! O que estão fazendo com a gente não tem explicação! Já são 12 multas, e não há resposta clara da SETTRANS sobre o que está acontecendo”, disse.

Além disso, de acordo com Edmar, ele já tentou buscar explicações junto à Secretaria Municipal de Trânsito (Settrans), mas a resposta que recebeu não resolveu a situação e tampouco esclareceu as falhas do sistema.

“Eles não nos explicam nada! Falam de forma técnica, mas não nos mostram o que realmente está acontecendo. A impressão que tenho é que estão só interessados em multar, não em oferecer um serviço adequado para o cidadão”, completou.

Sistema de rotativo e suas falhas: a revolta de quem se sente lesado

O caso de Edmar não é um caso isolado. Outros motoristas têm relatado situações semelhantes, em que o sistema de ativação automática do rotativo não funcionou corretamente, resultando em multas.

O sistema, que deveria facilitar a vida do cidadão e garantir a organização do estacionamento em pontos movimentados da cidade, está gerando uma série de transtornos. Para Edmar, essa falha no sistema é um claro sinal de desrespeito ao cidadão.

“Eu me sinto vítima de um sistema que deveria facilitar a minha vida e está se tornando uma verdadeira armadilha para me tirar dinheiro”, afirmou.

Ele ainda acrescentou que se sente tratado como um criminoso. Isso, porque, conforme ele, trata-se de um sistema “falho e explorador”.

“Eu sou um trabalhador, pago meus impostos e cumpro minhas obrigações. Estou sendo tratado como criminoso por um sistema falho e explorador. A cada multa que chega, é uma facada no meu bolso! Isso não pode continuar assim, é uma falta de respeito com a gente. Somos roubados de forma legal, com o apoio de um sistema que deveria ajudar.”

Além disso, Edmar questiona para onde está indo o dinheiro arrecadado pela Settrans com essas multas.

“Eles estão arrecadando milhões com multas, mas ninguém sabe para onde vai esse dinheiro. Para mim, está tudo sendo usado para continuar alimentando esse sistema que só prejudica a população. Não podemos mais aceitar ser explorados dessa forma. Precisamos de respostas claras e de soluções rápidas.”

A falta de transparência e a cobrança por mais responsabilidade do poder público

A transparência do sistema de rotativo em Divinopolis é outro ponto de crítica por parte dos motoristas. De acordo com Edmar, a ausência de explicações detalhadas sobre a ativação automática e a fiscalização das vagas deixa o cidadão à mercê de um sistema sem qualquer tipo de controle.

“Nunca informaram sobre o funcionamento desse sistema de ativação automática. O que sabemos é que pagamos e somos tratados como se estivéssemos sempre errados. É uma cobrança injusta”, disse.

A revolta de Edmar e de outros motoristas é clara, a falta de clareza sobre como o sistema funciona e a aplicação indiscriminada de multas trazem insegurança, assim como desconfiança. Ele questiona a falta de diálogo entre a população e a Settrans.

“A gente quer um sistema transparente, que seja justo, que não nos penalize sem motivo. Não é possível que a gente continue sendo tratado assim. Estamos pagando por um serviço que não está funcionando. E isso é um desrespeito total.”

Edmar não se limitou a criticar o sistema, mas também fez um apelo às autoridades municipais para que tomem providências.

“Chega de ficar calado! A população precisa saber o que está acontecendo. Se a Settrans não está conseguindo fazer o sistema funcionar, que entreguem para quem tem competência. Não podemos mais ser vítimas desse erro que só nos prejudica”, afirmou.

A mudança de postura do prefeito Gleidson Azevedo

Outra revolta de Edmar também se estende ao comportamento do prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo).

Durante sua campanha eleitoral, Gleidson fez duras críticas ao sistema de rotativo em Divinópolis, e à postura da Settrans. Em um episódio marcante, chegou rasgar publicamente uma multa recebida, questionando a postura de um agente, e se colocou como defensor dos motoristas e da população de Divinópolis.

“O que vimos foi um prefeito que se colocou como um verdadeiro aliado da população. Ele criticava a Settrans, dizia que o sistema é injusto, que as multas eram exageradas, que o poder público deveria facilitar a vida das pessoas. E, agora, olha o que estamos vendo!”, disse Edmar.

Para Edmar, a mudança de postura de Gleidson Azevedo foi abrupta e decepcionante.

“Agora, o prefeito parece que virou as costas para a gente. Antes, ele se levantava contra o sistema, e agora parece que está acomodado, aceitando tudo sem questionar. Isso é um golpe nas promessas feitas à população”, desabafou.

A explicação da SETTRANS

Em resposta às críticas de motoristas que alegam multas indevidas no sistema de estacionamento rotativo em Divinópolis, a Secretaria Municipal de Trânsito (Settrans) emitiu uma explicação detalhada sobre o funcionamento do sistema Vaga Azul.

A pasta reiterou que a responsabilidade pela ativação dos créditos é exclusiva do condutor, destacando que o sistema de ativação automática, embora facilite o processo, não substitui essa obrigação.

O Vaga Azul é um sistema que permite o uso de vagas rotativas em áreas de grande movimentação, mediante a ativação de créditos pelo motorista.

Ativação manual

No entanto, a Settrans enfatiza que, além da recarga do crédito, é essencial que o condutor ative os créditos manualmente sempre que estacionar em uma vaga do Vaga Azul.

A falta dessa ativação pode levar à aplicação de multas, independente de o veículo estar dentro da área delimitada para estacionamento. De acordo com a explicação da SETTRANS, a ativação manual é uma responsabilidade do motorista.

“A ativação automática por monitoramento, que ocorre quando o veículo é detectado pelo sistema de sensores, é um facilitador. Mas ela não substitui a necessidade de o motorista ativar os créditos manualmente”, destacou a Secretaria.

Isso significa que, mesmo com o sistema de monitoramento presente, o motorista deve garantir que os créditos estejam ativados para evitar penalidades.

“A responsabilidade pela ativação dos créditos é exclusiva do condutor. O sistema de monitoramento funciona como um facilitador, mas a obrigação de ativação manual não pode ser transferida para a Settrans ou qualquer outra autoridade”, explicou a Secretaria, reforçando que os agentes de trânsito não têm permissão para ativar créditos em nome dos motoristas.

Ativação automática

Em um cenário em que o motorista não ativa os créditos manualmente, a Settrans destaca que a ativação automática depende da existência de saldo suficiente na conta do usuário.

Com saldo insuficiente, a ativação não ocorrerá e o veículo acaba autuado. Assim, a ativação manual é a única maneira de garantir que o veículo esteja regularizado, evitando a aplicação de multas.

A pasta alerta que caso tenha fiscalização dos agentes antes da ativação automática, o motorista acaba multado, mesmo com saldo disponível.

Além disso, isso ocorre porque o agente de trânsito pode aplicar a multa caso não haja a ativação dos créditos antes da fiscalização.

Uma das dúvidas comuns entre os motoristas é sobre a função do veículo de monitoramento do Vaga Azul.

A Settrans esclarece que o carro do Vaga Azul tem como principal função monitorar as vagas disponíveis e, quando possível, realizar a ativação automática dos créditos para veículos cadastrados.

No entanto, o veículo de monitoramento não tem autoridade para multar. A aplicação de multas é responsabilidade exclusiva dos agentes de trânsito, que têm o poder legal para emitir as autuações.

O Que Fazer para Evitar Multas?

Para evitar novas infrações, a Settrans recomenda que os motoristas tomem as devidas providências para regularizar a ativação do estacionamento rotativo.

O motorista deve realizar a ativação dos créditos manualmente sempre que o condutor estacionar o veículo em uma vaga de Vaga Azul.

A ativação automática, que ocorre quando o veículo é monitorado pelo sistema, é um recurso auxiliar, mas não substitui a responsabilidade do motorista.

Além disso, a SETTRANS também recomenda que os motoristas sempre verifiquem se possuem saldo suficiente em sua conta para garantir que a ativação automática possa ocorrer, caso o veículo passe por um sistema de monitoramento.

A Secretaria reitera que, apesar de ser uma funcionalidade útil, a ativação automática não pode ser a única estratégia para evitar multas.

A Secretaria também destaca que, caso o motorista seja multado, a responsabilidade pela infração é dele, já que o sistema projetado para permitir o monitoramento e a ativação dos créditos, mas o cumprimento das regras depende de uma ação direta do condutor.

O impacto econômico para os trabalhadores

A preocupação de Edmar vai além das falhas no sistema de rotativo de Divinópolis, ele também destaca o impacto econômico das multas em sua vida e na vida de outros trabalhadores.

“A cada multa que recebo, é uma grana a menos no meu bolso. Eu trabalho o dia inteiro para pagar minhas contas e agora tenho que lidar com esse tipo de problema. Eles não pensam no trabalhador. O que está em jogo aqui é o nosso sustento, nossa dignidade”, disse

Cada multa tem valor de R$ 195,23. Conforme, relatório da Settrans, das 12 multas, em sete, o carro não passou pelo local para ativação automática. No caso de outras duas, o veículo passou, contudo não havia crédito suficiente. E das três restantes, a multa ocorreu antes da ativação.

O clamor por justiça e transparência

Além disso, o caso de Edmar Rodrigues é um reflexo da insatisfação crescente de motoristas em Divinópolis com o sistema de rotativo.

A falta de transparência, a falha técnica do sistema e a cobrança indevida têm gerado uma série de descontentamentos. Para muitos, o rotativo, que deveria facilitar o estacionamento e a organização do trânsito, tem se mostrado uma verdadeira armadilha que afeta diretamente o bolso dos trabalhadores.

A mobilização de motoristas como Edmar é um lembrete de que a administração pública precisa estar atenta às necessidades e preocupações dos cidadãos, principalmente quando se trata de um serviço que impacta diretamente na vida do trabalhador.

Para muitos, o sistema de rotativo de Divinópolis precisa ser revisto, e a cobrança de multas deve ser feita com mais responsabilidade e clareza.

O clamor por justiça é claro, os motoristas querem soluções rápidas e eficazes para esse problema, sem mais prejuízos e sem mais falta de transparência.