Amanda Quintiliano
O Ministério Público (MP) investiga três casos de mortes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA – 24 horas), em Divinópolis. As denúncias foram protocoladas pelo delegado do Conselho Regional de Medicina (CRM), Jorge Tarabal na última terça-feira (02). Um dos casos foi registrado na segunda-feira (01) e os outros dois no dia 20 de agosto.
Os casos foram parar no Conselho Regional de Medicina após os médicos plantonistas – que não serão identificados a pedido do delegado – apresentarem as denúncias. Ao delegado um deles relatou que dois pacientes morreram de parada cardiorrespiratória por falta de oxigênio. Eles estavam com os respiradores quando acabou o gás na canalização.
“Os dois pacientes estavam sedados e no respirador, parece que com suspeita de pneumonia. Toda a equipe foi mobilizada, enfermeiros, eles tentaram reanima-los, mas não conseguiram. Os dois morreram quase que no mesmo momento”, relata Tarabal.
Este caso foi repassado para o promotor Ubiratan Domingues pessoalmente pelo delegado do CRM.
Transferência
Já o outro caso também protocolado na promotoria ocorreu na última segunda-feira. Segundo o delegado, o médico relatou que não foram seguidos os parâmetros legais para transferência de um paciente da UPA para o Hospital São João de Deus (HSJD).
“Ele chegou ao hospital e passou poucos minutos e ele morreu. O quadro dele era de insuficiência respiratória. Não temos mais informações no momento sobre esse caso. Estamos investigando também”, explicou.
As denúncias também foram repassadas para o CRM em Belo Horizonte. O médico usou a plenária para relatar os casos. Uma sindicância deverá ser formalizada para a investigação.
MP
O promotor Ubiratan Domingues informou que “as representações foram recebidas na 7ª Promotoria de Justiça, com atribuições na Defesa da Saúde, no dia 02/09/2014. Foram instaurados procedimentos em relação a cada uma delas e os fatos relatados pelo delegado regional do CRM-MG estão sendo objetos de apuração”.
Prefeitura nega e diz que vai instaurar sindicância
O diretor da UPA, Marco Aurélio Lobão negou todas as acusações. Disse que há documentos comprovando que havia oxigênio na unidade na data do ocorrido. Disse ainda que a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) abrirá uma sindicância para averiguar o que levou as denúncias. Ele também as tratou como “vazias”.
“Sou categórico em dizer que a denúncia é vazia, denuncismo. Infelizmente estamos mobilizando forças para responder situações que na verdade não existem. Antes de qualquer coisa, quero deixar claro, que em virtude dessas denúncias haverá uma sindicância, uma resposta com isenção de toda situação que aconteceu”, disse, acrescentando que havia reserva de gases. [su_pullquote]Existe um esforço para denegrir, acho que tem um cunho muito mais político, de segundos interesses do que na verdade fazer uma corrente do bem, para construir[/su_pullquote]
“A rede de gases da UPA está bem montada, bem construída. Temos uma planilha e documentos mostrando que existem cilindros de oxigênio em reserva, tanto dos maiores, como dos portáveis, neste dia a gente tinha reserva e infelizmente óbitos acontecem na UPA”, acrescentou e disse ainda que quando acaba o oxigênio uma campainha dispara.
Segundo o diretor da UPA, um dos casos envolveu uma idosa de 81 anos com infecção urinária grave e outro um andarilho alcoólatra com infecção no abdome, também em estado grave. No caso da senhora, segundo ele, não havia nem mesmo indicação de reanimação.
“Ainda não fomos autuados. Ninguém procurou a UPA para saber sobre isso. Foi para o Ministério Público e vamos responder a altura porque temos documentação de tudo isso”.
Lobão ainda disse que as denúncias estão partindo para a “oposição por oposição”.
“Existe um esforço para denegrir, acho que tem um cunho muito mais político, de segundos interesses do que na verdade fazer uma corrente do bem, para construir”, afirmou.
Atualmente, a UPA recebe cerca de 250 atendimentos por dia.