Acervo conta com mais de 450 presépios de diversos tamanhos, materiais e estilos

O Museu Municipal do Presépio José Gomes Filho – “Zé Gominho” – será inaugurado no dia 27 de novembro em Itapecerica (MG), às 17h30, no Centro Cultural da cidade (rua Juscelino Kubitscheck, s/nº, Centro).

Itapecerica será uma das poucas cidades a possuir uma coleção permanente de presépios. O acervo do museu, que será mantido pela Prefeitura, é composto por mais de 450 presépios e foi doado ao Município pela conterrânea Maria Teresinha Costa e Silva, hoje moradora de Belo Horizonte.

O museu irá abrigar presépios de diversos tamanhos, estilos e materiais, como metal, pedras semipreciosas, cerâmica, barro, resina, mármore, porcelana, vidro, palha, sal, massa de pães e doces, originários de várias partes do Brasil e do mundo.

Há peças da Itália, Quirguistão, México, Colômbia, Bolívia, Peru e Panamá, além de vários presépios mineiros, catarinenses, gaúchos, pernambucanos e alguns de procedência desconhecida.

Muitos chamam a atenção pelo tamanho, como o minúsculo presépio montado em uma caixinha de fósforos. Outros, feitos a partir de materiais encontrados na natureza, encenam o nascimento do Menino Jesus dentro de conchas, folhas, cabaças, porongos e ocos de bambus.

“Este verdadeiro tesouro é um presente que Itapecerica recebe das mãos da mecenas dona Teresinha, a quem externo a minha gratidão em nome de todo o povo da nossa terra”, afirma o prefeito Wirley Reis.

Acervo

Maria Teresinha Costa e Silva, doadora do acervo do museu, conta que comprou na Colômbia, há anos, um minúsculo presépio em uma caixa de fósforos, que a encantou. Mas, na época de decorar a casa para o Natal, o presépio não realçava, pois era pequeno demais.

No Natal de 2015, ela optou por adquirir outros minipresépios para fazerem companhia ao primeiro. Gostou tanto do resultado que decidiu colecioná-los.

“Hoje são próximos de 500, que representam minhas andanças e muitas culturas. Porém, a mesma fé. Lamento apenas não ter feito um registro sistemático da procedência de todos. Apenas pouquíssimos consegui identificar”, ressalta.

Ela explica que, no Natal de 2021, decidiu doar o acervo para uma entidade que pudesse ampliar a coleção, abri-la ao público e até mesmo estimular artesãos a criarem sobre o tema.

“Lembrei-me de Itapecerica, cidade onde nasci. O fator decisivo foi o respeito que eu já nutria pela sensibilidade cultural da administração da cidade, confirmada após contato pessoal com o prefeito Wirley Reis, o Têko. Espero que tudo isso contribua para que a cidade se consolide ainda mais como polo cultural e turístico”, salienta.

As peças podem ser visitadas no Centro Cultural (Fotos: Divulgação/Prefeitura de Itapecerica)

História

A palavra presépio vem do latim, cujo significado básico é “estábulo”, “curral”, “redil”. Em hebraico, significa a manjedoura dos animais, que, no Oriente Médio, por vezes, eram abrigados nas grutas. O presépio representa o momento do nascimento de Jesus Cristo em um estábulo localizado na cidade de Belém. Normalmente é constituído de imagens como a de Maria, José, o Menino Jesus em uma manjedoura, os animais que estavam no estábulo, como a vaca e o carneiro, e o jegue que transportou o casal até o local.

Segundo a Bíblia Sagrada, José e Maria fugiram da Galileia em virtude de um recenseamento, após o qual o rei Herodes, com medo de perder o trono para o Rei dos Judeus, mandou matar todas as crianças da raça. Os dois viajaram por longos dias procurando uma hospedaria para ficar. Não encontrando um local, pediram abrigo em uma casa, porém o dono ofereceu o estábulo para passarem a noite. Foi então que Maria deu à luz.

A origem dos presépios se deu em 1223, após uma pregação feita por São Francisco de Assis, onde o mesmo criou uma forma teatral para mostrar às pessoas como teria acontecido o nascimento de Jesus. Com isso, as famílias que assistiram ao espetáculo adotaram o costume de montar um presépio em suas casas. A prática foi rapidamente difundida por toda a Europa, normalmente pelas famílias mais nobres, em razão dos altos custos. Porém, a partir do século XV, os presépios passaram a ser fabricados em materiais mais baratos, a fim de proporcionar esse costume a todos os cristãos.

Cada presépio, em sua representação, trás também a regionalidade e a singularidade. As várias leituras representadas nos presépios carregam, cada uma, seu contexto histórico, artístico e social. Hoje em dia, podemos encontrar presépios de vários materiais, tamanhos e estilos. Prova disso é a variedade de peças presentes no Museu do Presépio de Itapecerica. Uns maiores, outros menores, uns mais simples, outros mais sofisticados. E cada um com o seu encanto especial.

“O Museu Municipal do Presépio é mais um espaço cultural e turístico em Itapecerica, que mescla a fé e a arte com muita beleza e doçura”, conclui o prefeito Wirley Reis.