O divinopolitano Túlio Mourão escolheu a cidade de Congonhas para a gravação de um novo trabalho, o álbum “Paixão e Fé” ao lado de Titane. Sintonizados com o delicado momento que o país atravessa, os artistas encontraram na cidade, povoada pela rica arte barroca e vítima da atuação implacável da mineração, o ambiente ideal para o objetivo central da parceria: derramar poesias sobre um quadro de incertezas, antagonismo e fragmentação. O projeto é uma parceria dos artistas com o Museu de Congonhas por meio da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Fumcult).
A gravação do novo disco aconteceu nos dias 5 e 6 de novembro de 2016, em uma das salas da Romaria de Congonhas que foi adaptada como estúdio musical. A equipe – artistas, técnicos e produtores – foi deslocada para o município e criou base de operações nas proximidades do Museu de Congonhas, experimentando concentrada vivência e foco na arte e história da região. O novo álbum será lançado em concerto gratuito em Congonhas, em 18 de janeiro de 2017, às 20h, em frente à Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, onde estão os 12 profetas de Aleijadinho. O espetáculo abre as festividades dos 260 anos da origem da devoção e fé ao Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas.
No dia 28 de janeiro é a vez de Belo Horizonte receber o concerto de lançamento de Paixão e Fé. Será no teatro Bradesco, as 21 horas, dentro da programação do VAC – Verão de Arte Contemporânea.
O novo trabalho “Paixão e Fé” aposta na dimensão crítica e reflexiva da arte para trazer indagação e sensibilização com foco na inquietante dicotomia que une fragilidade e violência em inaceitável continuidade na história do país. De um lado comunidades carentes, gente humilde, mas detentora de precioso tesouro humanista em forma de cultura singular, espontânea, local – tão única quanto frágil.
De outro, o imediatismo cego, o vício corporativista, e a inércia conservadora, impedindo que a questão humana tenha mais espaço e peso na formulação da equação econômica – esta desafiada a conciliar interesses e dimensões conflitantes e tantas vezes distante do histórico e elementar compromisso com o bem social.
No novo álbum, estão algumas canções geradas em várias regiões de Minas, outras de artistas que tem diálogo e reflexão sobre essas culturas – canções que exibem seu genuíno encanto e ainda outras que exalam pura perplexidade.
O formato voz e piano se configura sob medida para o espírito da proposta. Para ecoar a fragilidade, os músicos se despem de excessos e buscam máxima transparência para o sentimento e emoção que, mais do que nunca, os une na certeza de que a dimensão poética é revelação de sentido para a vida.
O CD foi gravado numa sala que compõe a Romaria de Congonhas, com condições acústicas para um resultado diferente da assepsia sonora do estúdio convencional. A idéia foi se integrar a um contexto fortemente motivacional, que tem como base o novo Museu de Congonhas e se estende e se integra ao belo conjunto devocional em torno de Bom Jesus de Matosinhos, que inclui o adro dos profetas, a matriz, a sala de ex-votos, as capelas com passos da paixão e a romaria. Completando o time está o fotógrafo Eustáquio Neves, que ficou responsável pelas imagens e criação da capa. O artista buscou na cidade histórica imagens para o trabalho.