Em 2011, durante os preparativos para a organização da Copa do Mundo de 2014, o jogador Ronaldo “Fenômeno”, ao ser questionado se o povo brasileiro não preferia hospitais e segurança ao invés de estádios, respondeu: “Não se faz Copa do Mundo com hospitais. Tem que fazer estádio”.

Um dos principais argumentos para que o Brasil fosse, na época, sede do maior torneio de futebol do planeta era – o “legado” esportivo. Tal legado deveria ser visto, por exemplo, na melhoria dos transportes públicos, na segurança, ou mesmo nos investimentos em infraestrutura das cidades promotoras dos jogos.

Ao longo de toda a era dos governos de esquerda do PT, o Brasil contou com um ministério dedicado exclusivamente aos esportes. O foco de investimento sempre foi o esporte profissional e suas confederações.

Ainda que o censo escolar de 2017 tenha informado que 71% das escolas municipais do país não possuíam, sequer, quadras esportivas, cerca de 70% do orçamento do extinto Ministério do Esporte foi direcionado para clubes e confederações profissionais, ou para a megaeventos esportivos.

Foram R$ 8,3 bilhões nos estádios da Copa, R$ 7,2 bilhões nas arenas dos Jogos Olímpicos e, entre 2001 e 2017, quase 10 bilhões das lotéricas destinados ao Ministério do Esporte, clubes e confederações profissionais. A soma corrigida de incentivos fiscais, Jogos Pan-Americanos, Mundiais Militares, Jogos Olímpicos e Paralímpicos, passa de 100 bilhões de reais (1).

Afinal, tivemos no Brasil o tal legado da Copa do Mundo? O certo é que hoje, com os números alarmantes da pandemia, fica evidente que Copa do Mundo, ou mesmo os Jogos Olímpicos, não cumpriram suas promessas de deixar legados para os brasileiros.

(1) Cleber Dias. O fim do Ministério do Esporte: boa ou má notícia. Lulopédio, 28 de novembro de 2018.