Cerca de 600 servidores estão acompanhando as reuniões da Câmara (Foto: Moreno Machado/CMD)

A polêmica envolvendo o projeto EM 011/2016 teve outro capítulo nesta quinta-feira (14). Mais uma vez ele não pôde ser votado devido à uma emenda apresentada intencionalmente para protelar a votação. Apesar da medida ser para tentar abrir negociação entre os servidores em greve e o prefeito Vladimir Azevedo (PSDB), a categoria também deixava claro não ser contra a aprovação da matéria.

O projeto prevê suplementação de R$ 15,6 milhões para a saúde. Parte deste dinheiro, R$ 1 milhão é para o Hospital São João de Deus (HSJD) e o restante se divide entre manutenção de programas, dengue, Unidade de Pronto Atendimento (UPA – 24 horas) e até para o Hospital Público Regional. Há 10 dias o São João de Deus aguarda a aprovação para o pagamento de médicos.

Foto: Moreno Machado/CMD

Foto: Moreno Machado/CMD

Ao PORTAL, o servidor da Secretaria de Educação, Marcos Sávio disse que a intenção da categoria é abrir um diálogo com o prefeito. Afirmou que os servidores não são contra o projeto e pediu também mais explicações. Marcos Sávio ainda reforçou a proposta apresentada pelo vereador, Marcos Vinícius (PROS) de desmembrar a matéria, possibilitando a apreciação individual do montante destinado ao hospital

“O hospital mandou ofício falando que tem R$ 1 milhão para receber, mas no projeto estão previstos R$ 6 milhões. Então isso não está muito claro e enquanto cidadãos queremos mais explicações. E porque não separar o projeto?” indagou o servidor.

“Servidor, como cidadão desta cidade, hora nenhuma deseja que se feche qualquer instituição da saúde. Inclusive, temos servidores da saúde lutando pela valorizando justamente para poder atender melhor a população”, reforçou.

Traição

Foi com sentimento de traição que os quase 600 servidores deixaram o plenário da Câmara. Apesar dos pedidos para trancamento da pauta, desta vez o presidente, Rodrigo Kaboja (PSL) não retirou nenhum projeto. A abertura de crédito especial de aproximadamente R$ 8 mil foi aprovada por nove votos a seis.

A esperança para, pelo menos, reprovar o projeto estava na maioria dos votos. Entretanto, Dr. Delano (PMDB) e José Wilson Piriquito (Solidariedade) não votaram contra como era esperado pela categoria.

A argumentação de Dr. Delano foi de que o acordo era de não votar nenhum texto até o prefeito receber os sindicatos.

“Mas, esta semana os servidores foram recebidos pelo prefeito. Como homem eu tenho que honrar a minha palavra e votar os projetos a partir de agora”, justificou Delano.

A greve continua

Quando a reunião acabou os servidores desceram para a parte do prédio onde ficam os gabinetes. Alguns tentaram controlar a situação impedindo que salas fossem invadidas. Nenhuma ocorrência foi registrada. Os servidores apenas se posicionaram na porta das salas gritando “traidores”.

De lá eles voltaram para a prefeitura, ponto de concentração da greve que completou 14 dias hoje e não há previsão para ser suspensa. A contraproposta apresentada pelo prefeito foi classificada como “indecorosa” e recusada. Ele propôs 3% de reposição, sendo 1,5% em abril e 1,5% em dezembro, além da revisão do vale-refeição em aproximadamente 75%.

Em nota a prefeitura diz que estes índices atingem o limite do município para não prejudicar outros serviços e ações.