Ana Amélia Vieira
Na última segunda-feira (25), aconteceu um apagão em minha cidade, devido a problemas detectados na subestação de Pedra do Indaiá, o que resultou numa falta de eletricidade em quatro municípios mineiros: Itapecerica, Camacho, Pedra do Indaiá e Santo Antônio do Monte. Fiquei aproximadamente sete horas sem luz, e nesse momento em que escrevo, recebo a notícia que irá faltar mais luz nessa terça-feira. É nessas horas que percebo o quanto a eletricidade faz falta, principalmente à noite.
Quando ficamos sem eletricidade, a primeira coisa que fiz foi correr para a casa da minha avó, em busca de um passa tempo. Cheguei lá um pouco estressada, pois meu dia já não tinha sido um dos melhores e agora estava sem luz. Foi, então, que minha avó disse que não podia fazer nada e que o jeito era esperar e se acostumar. Ao ouvir essas palavras me lembrei que minha avó havia vivido boa parte da sua vida sem eletricidade e perguntei como ela conseguia ter uma vida sem luz, telefone e internet.
Ela me contou que quando era criança, não possuía nem rádio, e que durante a noite ela passava seu tempo lendo revistas e jornais, com apenas uma lamparina para a iluminação. Minha avó, ainda contou que suas amigas iam até sua casa, para visitá-la.
Tenho a teoria de que nos tempos da minha avó era muito melhor. Não existia muito conforto, mas as pessoas eram gentis umas com as outras, visitavam seus amigos em suas casas e conseguiam ter uma conversa como “pessoas normais”, sem ficar o tempo inteiro checando suas redes sociais, coisa que nem existia na época. Existia o romantismo no ar, onde as ruas eram iluminadas com lamparinas e a paciência era uma das virtudes que mais se cultivava. As cartas eram o principal meio de comunicação, e quando o assunto era urgente, se usava o telegrama.
Hoje, a vida se tornou mais fácil, não tenho dúvidas, mas as pessoas andam estressadas e sem tempo, onde o simples fato de visitar seus amigos se tornou uma coisa impossível. Atualmente, o simples pensamento de ficar algumas horas sem eletricidade é motivo de pânico para diversas pessoas. Inclusive eu!
Somos viciados nesse conforto que a energia nos proporciona. Não conseguimos imaginar como seria a vida sem internet, telefone, nosso banho quentinho, a novela da noite, o micro-ondas, a geladeira, entre tantas outras futilidades que possuem a eletricidade. Pelo visto, vou ter que me acostumar a ficar sem luz (devido as últimas notícias recebidas).
Meu notebook está carregando e meu celular também, mas vou procurar realizar outras atividades que não dependam da eletricidade. Talvez escreva uma carta, ou leia algumas revistas. Quem sabe não vou visitar algumas amigas? Precisamos deixar de ser reféns da tecnologia, da eletricidade e de tudo mais, para viver a vida que está em nossa volta.