Por *João Paulo Barros

Pobreza e injustiça social nunca desapareceram por completo no Brasil e em tempos de crise do capital elas voltam ao destaque. Sobem as taxas de desemprego, aumenta a inflação e crise política e econômica geram insatisfação e falta de confiança. Neste cenário, e aproveitando a mania nacional dos heróis e vilões de estimação, insisto no pensamento binário e elejo dois vilões que sempre angustiam: a concentração de renda e a desigualdade social.

Já houve outras crises econômicas e sociais no país, tão graves quanto a atual. Foram tempos de inflação galopante, emprego em baixa e perda do poder de compra, mas nunca existiu uma concentração da renda tão forte quanto nos últimos anos. O Brasil não é um país pobre, mas um país com muitos pobres.

O retrato dessa conjuntura costuma vir nos dados oficiais e índices como coeficiente de Gini e curva de Lorenz, habitualmente mostrados na imprensa. Porém para entender melhor a dinâmica da concentração de renda no Brasil vale ilustrar com uma lista produzida pela revista americana Forbes, em 2014. A publicação apresenta as 15 famílias que detêm as maiores fortunas brasileiras.

Os 15 grupos familiares analisados são compostos por 99 pessoas, dos quais 33 bilionários que se dividem em 18 homens e 15 mulheres. A soma das fortunas é de 122 bilhões de dólares – ou US$ 122.000.000.000, com todos os nove zeros que lhe são devidos! O montante dá algo em torno de R$ 322 bilhões, conforme a cotação média do dólar em dezembro de 2014 – ano da reportagem -, conforme a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O assombroso é o cruzamento desse valor com o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados e Regiões do Brasil, calculado pelo IBGE no ano da divulgação da matéria. Confira o infográfico:

*A Região Norte é composta por Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

São dados como estes que evidenciam a impossibilidade de separar desigualdade econômica-social e concentração de renda. E a última é fonte determinante de muitos, se não da maioria, dos transtornos públicos que enfrentamos nas diversas esferas da vida. “É fato que a desigualdade social, e uma de suas causas, a concentração de renda, são prejudiciais para a democracia e possuem sérias consequências na vida das pessoas. A desigualdade é injusta porque impede o desenvolvimento das capacidades individuais, o acesso a direitos humanos básicos, como saúde, educação e segurança.” O alargamento e a crescente concentração de renda constitui uma violação dos princípios sociais de justiça o pior atinge diretamente o exercício da cidadania.

Confira a reportagem completa (em inglês) clicando aqui.



*João Paulo Barros

Estudante de Ciências do Estado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Diretor de Relações Institucionais da Federação Nacional do Campo de Públicas (FENEAP). Presidiu a União Estudantil Divinopolitana (UED). Atuou como dirigente e integrou diversas instituições, órgãos de regulação, consultivos, deliberativos, de controle e movimentos sociais. Participou de projetos nacionais e internacionais com temáticas voltadas para educação, protagonismo e cultura política.