Teóricos e estudiosos de jornalismo já apontaram por várias vezes definições sobre o valor da notícia de um fato e a relevância dele ser divulgado em relação ao interesse público (ou interesse DO público). Até aí, nenhuma novidade. Não foram poucos os jornais (impressos, televisivos, radiofônicos e virtuais) que se basearam e se baseiam nesses estudos para realizar o seu trabalho diário. Mas e o resultado disso? E a mensuração do impacto que as notícias causaram?
Pratica comum do jornalismo diário, principalmente no impresso, é realizar uma reunião de pauta, definir quem vai cobrir o que e por fim, uma reunião para definir qual matéria merece destaque. Desconheço o órgão jornalístico que trabalhe com pós-matéria. Aqui não me refiro a continuações (as famosas suítes) e sim ao trabalho de colher o impacto da matéria, para que os jornalistas e os órgãos de comunicação possam compreender o que funciona e, obviamente, melhorar.
Na moda dos analistas de mídias sociais, muitos se apresentam como sendo capacitados para o cargo, mas hoje, de certa forma, acredito que todos os profissionais da área de comunicação precisam ter um pouco de analistas, mas não só de mídias sociais e sim, analistas sociais. O jornalista hoje, mais do que nunca, precisa focar suas matérias em uma balança, onde pesa de um lado a informação e do outro, a contextualização. Informar, mas sem oferecer a relevância dessa informação, pode afastar o público e perder a credibilidade do órgão. O leitor quer saber em que mundo ele está e como a sociedade reage conforme a notícia se desdobra. Infelizmente, muitos pesam somente a informação e esquecem da contextualização. E o fazem, em grande parte, porque não buscam ter um retorno mensurável das notícias que publicam, acreditando cegamente que seu trabalho tem dado resultados.
Desde alertas do Google, pageviews, tuites, likes, pins e compartilhamentos, até o retorno por meio de pesquisas realizadas junto ao seu público, os órgãos de imprensa deveriam se preocupar em mensurar o impacto daquilo que divulgam. Obviamente, para tanto, precisam investir tempo e dinheiro, mercadoria rara no cenário atual. Ainda assim, há uma tendência de jornalistas do mundo inteiro em debater o tema (como o evento do Brown Institute/Town Center, “Research, Three Ways” (em tradução livre, “Pesquisa, em três maneiras”) em debater o tema, visando criar um fluxo de informação contextualizada de mais qualidade.
E na possibilidade, hoje ainda que remota, a mensuração da notícia se torne uma realidade, os órgãos de imprensa poderiam, então, divulgar verdadeiramente sua abrangência e influência baseado em dados reais e não em pesquisas pagas e prêmios comprados.
Mas ainda que a mensuração do impacto das notícias possa parecer uma ferramenta poderosa, capaz de impulsionar os órgãos de informação, é preciso levar em conta os desdobramentos que ela pode causar. As pautas não passariam, então, a ser escolhidas tendo como base somente seu impacto? É sempre obrigação do jornalista produzir uma matéria que cause impacto? E será que é possível medir o impacto de determinado assunto somente pela publicação da matéria, ignorando outros fatores envolvidos?
Ainda estamos engatinhando nesse terreno, mas acredito que é impensável (a médio e curto prazo) uma empresa sobreviver sem buscar o feedback real do seu trabalho, em especial, as empresas de jornalismo. A turma de publicidade e propaganda já aprendeu isso a muito tempo. Mais do que consumir informações, o cliente quer hoje consumir algo muito mais importante e valoroso para ele: confiança.