A vida não tem roteiro. No máximo um esquema que, se bem observado, vira um plano. Bem elaborado, o plano vira projeto a ser aplicado. Analisado e revisado no transcorrer do caminho.
Por ser regida por variáveis, não há receita exata para ter uma vida boa ou, pelo menos, como a desejada nos sonhos. Parece mesmo que para poder se dar bem o sujeito tem que ser adaptável às circunstâncias que se apresentarem no seu caminho.
Sofre menos com os insucessos do desejo aqueles que são resilientes. Os que aceitam um ajuste nos planos e identificam os instantes felizes que tornam a vida boa.
Sofre menos quem não é utópico. O que não quer dizer que a pessoa deva ter o coração duro, mas ter a sensibilidade necessária para ver a poesia nas coisas. Poesia é abstração. Liga os mundos e calibra o olhar do sujeito que vê o interno e o externo.
Se viver é poesia, então a melhor qualidade que se pode desejar é a inspiração. Inspirar-se é estar sensível a tudo que nos circunda e dessas coisas extrair aquela essência que torna o sujeito melhor.
Viver é isso: poesia. Concreta que de tão profunda, se abstrai. É a insanidade que cobra lucidez para ver as verdades que, por vezes, de tão óbvias nos escapam ao sentido.
Vivemos mais um ano. Escrevemos uma história. Para muitos alegre, para outros tediosa… insossa. Apesar dos percalços, o bom da vida é que no minuto seguinte, na hora seguinte, no dia seguinte, na semana, mês e ano seguintes, é dada a oportunidade de começar uma nova história.
Não deu certo agora, talvez dê no instante seguinte. E se não der? Bom, talvez lá na frente dê. O que se obtém neste intervalo é o aprendizado. É ele que capacita ao acerto.
Pode-se aferir, portanto, que tão importante como realizar é aprender, seja com os acertos ou os erros. Mais que isso, é apreender – com dois “es” mesmo – que indica absorver.
Quem absorve, detém. Tem o conteúdo necessário para agir, fazer suas escolhas e, a partir daí, superar seus desafios.
Não há como passar por um ano sem aprender nada. Se for assim, isso significa dizer que o novo ano que se aproxima não começará do zero e sim da bagagem acumulada até aqui. Muda-se um digito. O suficiente para renovar a esperança. Acreditar que é possível fazer diferente.
Por mais pueril que seja esse argumento ele é necessário. É ele que dá aquela sensação de otimismo, mesmo em meio aos problemas. Acreditar no novo é algo que seduz e instiga. Elementos que estimulam o caminhar.
Sigamos, então.
Feliz 2017.