O ódio é o ópio que nutre o ignorante e que resulta na intolerância. Seja aqui, em Paris ou na Síria. Ele revela o que há de pior na raça humana e possibilita atitudes que não são do homem.
O ódio tem várias razões. Cada um cria os seus argumentos e os tomam como verdade para justificar seus atos. Tudo é possível em nome de uma religião, ideal ou crença.
O ódio de hoje se fundamenta, e muito, em questões históricas não resolvidas. Nações que foram dilapidadas e dilaceradas, ideológica ou materialmente, se vêem no direito de agredir o seu antigo agressor. Este cobra civilidade de quem agride nos dias de hoje, se esquecendo que em outros tempos foi tão bárbaro quanto.
Na verdade, o que vem se perdendo há séculos, de forma paulatina, é o valor da vida. Nem todo ser humano tem o mesmo valor, daí determinadas tragédias parecem nos chocar mais do que outras. Dependendo, é claro, do lugar onde ocorram.
Não é novidade para ninguém que o que move tudo isso é a busca pelo poder em alguma esfera. Seja ela econômica, ideológica ou religiosa. Quando os argumentos se mostram incapazes de demonstrar este poder, a força é comumente utilizada.
Ao contrário do que muitos afirmam por aí, a terceira grande guerra mundial não se dará no Oriente ou num embate entre Rússia, Coréia do Norte e Estados Unidos, por exemplo. A terceira guerra já está sendo travada, e consiste no homem com os seus próprios valores.
É conceito geral, se tratando de humanidade, que deve-se amar ao próximo como a ti mesmo. Na prática isso não ocorre, e o ser humano é desafiado por ele mesmo a exercer o seu poder como uma forma de subsistência. Primeiro eu, depois os outros.
É óbvio que devemos zelar pela nossa integridade física e mental. Garantir condições para existirmos neste mundo. Da mesma maneira, é fato também que cada um deve contribuir para a subsistência da raça humana dentro do microcosmo em que está inserido.
O exercício da tolerância, aliado à prática das boas relações com vistas ao respeito das diversidades, é o caminho para um mundo mais seguro e com oportunidades para todos.
Mas como vivemos num momento de expiação – conforme defende, por exemplo, o espiritismo – determinadas catástrofes e tragédias que dependem exclusivamente do homem para acontecer ocorrem para o amadurecimento do próprio ser.
Não defendo estes atos, mas enquanto o homem não evoluir moral e espiritualmente, no sentido de acreditar que o principal poder advém do amor que não distingue as pessoas, as catástrofes e tragédias humanas continuarão a existir. Por mais desenvolvida e atualizada que seja a civilização.