Se considerarmos a fala do melhor jogador de futebol do mundo da atualidade, Lionel Messi – quando disse que não jogaria mais pela seleção de seu país após mais uma derrota em uma final, desta vez na Copa América Centenário, disputada nos Estados Unidos -, podemos inferir, sem muito esforço, que fracasso pode ser, sim, uma questão de perspectiva.

 

rodrigo (1)

O camisa dez Messi é, sem dúvida, o melhor jogador da sua geração. Um craque diferenciado que se compara a outros deuses do futebol. Bem pago e multipremiado, está na melhor fase e mesmo assim sentiu o peso do fracasso.

Apesar de todas as Bolas de Ouro que já ganhou, dos títulos espanhóis e os da Uefa – que milhares ambicionam e vão passar anos-luz de distância desses títulos – falta ganhar algo pela seleção Argentina. Chance já teve algumas, mas Messi e seus companheiros ficam pelo caminho.

Um jogador milionário, bem-sucedido e com muito mais ar de europeu do que latino-americano se dá o direito de ficar frustrado… de jogar a toalha. Quem entende de futebol sabe que não será um título de expressão obtido pela Argentina que fará Messi diferenciado. Ele já o é, independente desta conquista que teima em não vir.

Tem pessoas que são Messi e que, portanto, não se contentam e buscam mais: a excelência plena. Outras são do tipo Adriano Gabiru – que fez um gol histórico para o Inter do Rio Grande do Sul sobre o Barcelona no Mundial Interclubes de 2006 – que tiveram o melhor da vida praticamente num único lance e só.

Não sou amigo íntimo do Messi, mas sou capaz de assegurar que ele não parará com a seleção Argentina. As pessoas fora de série são movidas pela ambição – no melhor aspecto desta palavra – e buscam a superação. Sentem sim o insucesso, exatamente por compreender a extensão do seu potencial. Por conhecer-se bem, têm a convicção de que é possível chegar lá.

Gente assim não acredita só num mero lance de sorte. Gente assim é acostumada mais com as realizações. A ter tudo ao seu controle. Elas sabem que a próxima vitória está logo à frente, e enquanto o objetivo final não é alcançado outros são colecionados ao longo do caminho e vão fazendo a sua história.

Caso, por alguma circunstância externa, o objetivo final não venha como desejado, o caminho pavimentado na direção dele está sólido e repleto de realizações, que se somadas podem até deixar o objetivo final num plano inferior.

Por este aspecto, Messi é um vencedor. Todos que ambicionam e projetam suas conquistas também o são. É importante reconhecer isso para valorizar, devidamente, os frutos que são coletados pelo caminho.

Sendo assim, o fracasso em determinado momento da vida vai ser, sim, uma questão de ponto de vista. E ao invés de jogar a toalha o mais aceitável é mesmo respirar, se empolgar com as conquistas e projetar a próxima.

Não é o fracasso que move os vencedores, e sim os desafios.