Hospital estuda a possibilidade de suspender cirurgias eletivas em janeiro para desafogar leitos e profissionais
A ocupação do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), referência para 54 municípios do Centro-Oeste, está no limite, seja pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pela saúde suplementar (convênios, particular). A declaração foi feita pela diretora-presidente do hospital Elis Regina, nesta terça-feira (15), durante coletiva de imprensa. A superlotação aflige tanto o setor de atendimento exclusivo para pacientes com Covid-19, quanto para o tratamento de outras doenças.
O Centro de Terapia Intensiva (CTI) geral estava com 29 dos 30 leitos ocupados até esta terça-feira (15/12). Outros quatro pacientes que estavam na Sala Vermelha aguardavam vagas. Já para pacientes com quadro clínico compatível com o novo coronavírus há 10 vagas. A preocupação principal é que a unidade é a única credenciada para alta complexidade em toda a região.
“O que é mais grave no São João em termos de leitos de Covid, é porque nós é que temos a grande estrutura para poder atender os pacientes que são mais graves. Aqueles pacientes que precisam realmente de um respirador para cada leito”, explicou Elis.
O avanço dos casos do novo coronavírus e a gravidade geram efeito dominó. A hemodiálise, por exemplo, está lotada.
“Não tem jeito, pacientes esperando para poder começar a hemodiálise justamente devido aos agravamentos da Covid”, alertou.
Cirurgias eletivas
Uma das soluções analisadas para tentar desafogar os eleitos é a suspensão das cirurgias eletivas. Entretanto, com a decisão pode vir também o impacto financeiro. O receio é que o hospital seja penalizado já que o pagamento dos procedimentos incluem também o cumprimento de metas de eletivas, urgência e emergência estabelecidas pelo Ministério da Saúde. A possibilidade será estudada junto ao governo do Estado.
“Se a gente parar a questão das cirurgias eletivas, que é o que nós estamos fazendo toda uma programação para janeiro, para dar uma folga para aos nossos profissionais, a gente tem medo de não cumprir as metas depois e a gente ainda ser penalizado lá na frente”, explica.
Sem profissionais
Com a suspensão das cirurgias eletivas espera-se também que as equipes sejam desafogas. Hoje, o hospital que conta com 1618 trabalhadores, está com 44 profissionais afastados com suspeita de Covid, outros 37 por motivos diversos, 40 grávidas, nove idosos e seis com comorbidades por serem grupo de risco. Além disso, a unidade já estava com 73 vagas abertas para contratação.
“A quarta onda é o agravamento da saúde dos profissionais da saúde” afirmou Elis, citando questões físicas e psicológicas. “Há uma exaustão”, enfatizou.
Segundo a diretora-presidente, se não houver conscientização coletiva pode haver a sobrecarga do sistema.
“Ou a população efetivamente ajuda, não se aglomera, não faz festa de final de ano, ou vai faltar leitos e pessoas para trabalhar”, alertou e completou: “Vamos aumentar leitos? Não adianta aumentar leito para Covid se vai faltar máquina de hemodiálise para pacientes que se agravam. Não é só aumentar leitos, há várias coisas por trás que precisamos aumentar”.
Ocupação hospitalar
Boletim da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) desta terça-feira (15) aponta 101 pacientes internados com quadro clínico compatível com a Covid. Deste total, 46 estão na UTI e 55 na enfermaria. A taxa de ocupação de UTI Suplementar é de 75% e de 60% no SUS. Já na enfermaria, é de 60% e 39,3%, respectivamente.
Com informações de Jéssica Augusta Pereira
Foto de capa: Divulgação/PMD
Elis Regina diretora-presidente do CSSJD