Plenário da Câmara dos Vereadores lotada. Foto: Isadora Santana

Isadora Santana

Cidadãos compareceram em peso no plenário da Câmara Municipal de Divinópolis, como raramente acontece, nesta quarta-feira (09), para a reunião promovida pelo vereador, Marcos Vinícius (PROS). Os temas debatidos foram a ocupação de algumas instituições de ensino e a ideologia de gênero.

Plenário da Câmara dos Vereadores lotada. Foto: Isadora Santana

Plenário da Câmara dos Vereadores lotada. Foto: Isadora Santana

Estavam presentes representantes de entidades religiosas e da Polícia Militar, pais, estudantes, vereadores eleitos em 2016, advogados e educadores. O bispo Dom José Carlos não pode comparecer pois, de acordo com carta de justificativa, tinha compromissos agendados anteriormente, e deixou como contribuição as palavras do Papa Francisco contra a ideologia de gênero.

Sob aplausos e vaias, o vereador Marcos Vinícius abriu as discussões esclarecendo os motivos da reunião e reforçando sua posição contrária a ocupação das escolas, na qual os manifestantes protestam contra a PEC n° 241/55 e Reforma do Ensino Médio, e contra também a discussão da ideologia de gênero nas salas de aula.

 “Hoje o objetivo é claro, nós não queremos entrar na discussão da PEC, da limitação de gastos… Queremos tratar, tão somente, de garantir os direitos constitucionais […] O nosso foco é tratar da invasão das escolas, das ocupações das escolas, e fazer uma manifestação democrática […] Vamos tratar também da ideologia de gênero. Recebemos por parte de pais e de alguns alunos reclamações de que esse assunto tenha sido trazido, quando desta ocupação, de forma sem permissão legal, porque o Plano Nacional de Educação, também o Plano Municipal Decenal de Educação que nós votamos nessa casa, não trouxe essa abertura […]”.

Ocupação

Lohanna França, estudante de Bioquímica da Universidade Federal de São João delRei (UFSJ), representou os manifestantes das ocupações na bancada. Em seu discurso ela também cita o Papa Francisco.

“Em sua missa dominical, o Papa Francisco fez um apelo à juventude para que lutasse pelo que está errado em seus países. A ocupação é um movimento legítimo, porque nós estamos lá com o apoio da nossa universidade, que hoje deflagrou greve de professores, e com o apoio da jurisprudência passado do nosso estado, porque a greve discente apesar de não ser reconhecida na Lei de 1989, tem respaldo pela jurisprudência passada, e as ocupações se encaixam”.

A estudante  Danúbia Dias, da Escola Estadual Joaquim Nabuco, a primeira instituição estadual a ser ocupada, representou na bancada a população contrária às ocupações.

“Eu sou contra a manifestação, porque eu acredito que manifestação não ocorre dentro da escola, impedindo que alunos assistam às aulas. Não foi democrático, ao meu ver, porque foi feito apenas em um turno, e um turno não representa a escola inteira […] Não é ocupando, impedindo os alunos de terem aula, que vocês (manifestantes) vão ter uma educação melhor”, conclui.

Ideologia de Gênero

O missionário católico, Eduardo Rivelly, representante da Comunidade Missão Maria de Nazaré, acompanhado de outros membros religiosos, acredita que esse tema não deve ser debatido nas salas de aula.

“A escola não deve tratar o tema, os valores morais e ideológicos, quem deve tratar esse assunto é a família. A escola deve se limitar a questões pedagógicas e educacionais”, finaliza.

Gilson Campos, líder da Comunidade Gay de Divinópolis, representou na bancada sua perplexidade sobre a reação das pessoas sobre o assunto.

“Gostaria que essas pessoas visitassem as profissionais do sexo, que essas pessoas também tivessem um parente homossexual dentro de casa ou da Comunidade LGBT para verem como sofremos com esse preconceito […] Eu nunca vi uma cidade tão desumana com os seus cristãos […] Se acham que isso (ideologia de gênero) não está sendo discutido e vai deixar de ser discutido nas escolas municipais, poderá até ser sim. Mas nas escolas estaduais e universidade isso já tem sido discutido a muito tempo. Nós vivemos em um país laico, onde as pessoas são livres e podem decidir com quem vão dormir […]”.

Conclusão

A reunião poderá ter continuidade em outras oportunidades, já que não houve consenso das partes pelo tempo que demandou, e havia agendado para às 19h no mesmo local uma outra atividade.