Polícia investiga envolvimento de pessoas influentes e vínculos com homicídios
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu três pessoas e apreendeu cerca de R$ 200 mil em dinheiro e bens, durante a operação Juros Altos desencadeada, nesta quinta-feira (30/01), em Divinópolis.
A ação visou cumprir mandados de prisão temporária contra três investigados e de busca e apreensão em cinco endereços. Além disso, uma pessoa já havia sido detida na semana passada em flagrante. Com ele, a polícia apreendeu munições e carregadores de armas.
As investigações revelaram que uma associação criminosa atuava na cidade, envolvendo agiotagem, extorsão, mediante violência e outras práticas criminosas.
Empresas financeiras, aparentemente de fachada, ofereciam empréstimos de pequenas quantias, mas com cobranças de juros exorbitantes. Para garantir o pagamento, os criminosos usavam ameaças, violência e extorsão. As financeiras investigadas são: Diamond Financeira e Magno das Notas.
Vitimas
Pelo menos duas vítimas procuraram a polícia. Uma delas contratou um empréstimo de R$ 500, já havia pago R$ 600, mas ainda devia 20 parcelas de R$ 90.
Ela teve a casa invadida, agredida e teve a moto roubada. Imagens de câmeras de segurança registraram toda a ação.
Diligências
As diligências da operação Juros Altos, ocorreram nos bairros Mangabeiras, Tietê, Campina Verde, J. A. Gonçalves e Prolongamento Orion/São Roque.
O delegado responsável pela operação informou que a polícia soube após agressores agredirem vítimas em casa.
“Chegou ao nosso conhecimento um auto de prisão em flagrante de duas vítimas que haviam sido agredidas dentro de suas casas pelos agiotas”, revelou.
As vítimas sofreram agressões, perderam a motocicleta e pagaram valores superiores ao que haviam pegado emprestado, embora já tivessem quitado as dívidas.
“A vítima ainda tinha que pagar mais três ou quatro vezes o valor inicial”, completou o delegado.
Durante a operação, os agentes localizaram na residência de um dos suspeitos a quantia de R$ 63.000,00 em espécie, e mais de cerca de R$ 2 mil em outros dois endereços.
Além disso, encontram um jet ski, dois carros e duas motos, o que indica o sucesso financeiro da atividade criminosa
“Esses bens nos levam a crer que estavam tendo sucesso no empreendimento criminoso”, afirmou o delegado.
O número de vítimas, segundo a Polícia Civil, pode ser bem maior. “É muito claro que existem muitas outras vítimas. Todos os telefones dos envolvidos, computadores e anotações contábeis foram localizados durante a busca e apreensão”, explicou o delegado.
Ele ressaltou que as vítimas devem comparecer para prestar declarações, o que pode ajudar nas investigações e, consequentemente, no avanço das apurações.
Envolvimento com outros crimes
Além da agiotagem e extorsão, a operação revelou possíveis vínculos com outros crimes na cidade, incluindo homicídios registrados no ano passado.
“É cedo para afirmar que esses suspeitos tenham envolvimento com homicídios, mas a prática criminosa de extorsão pode ter causado crimes violentos, como homicídios”, destacou o delegado.
As investigações continuam, e os presos podem responder pelos crimes de extorsão, com penas de até 10 anos. Além disso, poderão acusá-los de associação criminosa.
“Esse patrimônio encontrado pode nos conduzir à apuração de outros crimes graves”, concluiu o delegado.
Topo da pirâmide
A polícia também investiga o envolvimento de pessoas influentes.
“Não estamos trabalhando com o topo da pirâmide, podemos ter pessoas influentes, que possuem dinheiro e que se valem dessa modalidade de empréstimos pequenos, sem lastro, sem rastro, para aumentar mais o patrimônio”, afirmou.