Quando os argumentos faltam ou falham, é comum substituir a fala pela gritaria. A fragilidade na sustentação de um pensamento por meio de contextos plausíveis dá lugar à brutalidade verbal na defesa de um determinado ponto de vista.

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Neste caso a preocupação não é com o que se fala, mas a forma que se fala. A autoridade é instituída não pela verdade contida nos argumentos, mas pela imposição das ideias. Por mais tolas que estas possam parecer.

Vivemos o advento da palavra. Bons oradores são capazes de mover mentes e criar uma nova ordem. Eles catalisam as massas, que quase sempre são acomodadas e, portanto, suscetíveis às intenções daqueles que aprenderam a manobrar bem as palavras.

Determinados discursos são calculados minuciosamente. Tudo pensado com cuidado para atingir um objetivo previamente determinado. Seja na política, na religião e até mesmo na imprensa, a palavra tem um destaque especial.

Como nem sempre os objetivos finais são os mais nobres, vale desconfiar do que é dito por aí e principalmente o que é estabelecido como a agenda do dia nas mais variadas rodas de discussões.

O que significa dizer, por exemplo, que cada vez mais um discurso abordado por um determinado jornal poderá perpassar outros meios de comunicação ligando notícia ao entretenimento como meio de formar a opinião pública.

Essa estratégia adotada, principalmente pelos grandes conglomerados de comunicação, quer diluir cada vez mais um determinado pensamento, e a partir daí ter a opinião do seu público a seu favor, o que lhes dá poderes ilimitados, tanto para o bem quanto para o mal. Essa estratégia não é exclusiva dos meios de comunicação. Outros segmentos, como as igrejas, a usam amplamente.

Quem opera a comunicação pode utilizar de vários instrumentos para fazer valer um determinado pensamento. Vale até criar uma falsa moral para legitimar determinada situação e incluí-la na ordem do dia.

A finalidade de tudo, dentro deste contexto, é uma só: exercer poder. Quem controla opiniões controla a sociedade e, portanto, não terá desconfortos para atender seus interesses. Sejam estes no campo ideológico, econômico ou político.

Voltando ao exemplo dos jornais – sejam eles impressos, via rádio ou via internet – é bom ficar atento à hierarquia das notícias e como elas se repetem. Não quero aqui ser defensor da teoria do caos e nem cercear o papel da imprensa, mas é no mínimo curioso ver o tratamento dado para um determinado fato em detrimento de outro e o destaque dado a um personagem A em detrimento ao personagem B.

Seja um discurso, fala, pensamento ou notícia, estes devem ser consumidos como uma “fruta”, ou seja, deve-se pegar, examinar, lavar, tirar qualquer impureza, descascar e só assim consumir. Ah! Ao consumir e perceber que o fruto é podre, o melhor é descartá-lo para o lixo.

Simples assim.

Rodrigo Dias

artigororigodias@gmail.com