Básicos nas refeições da manhã e até da tarde, o tradicional “combo” pãozinho com manteiga e café com leite mais caro.
O café da manhã, a primeira refeição do divinopolitano ficou mais cara nos últimos 12 meses. Para quem está acostumado a iniciar o dia com o tradicional pão francês com manteiga e o café com leite sentiu no bolso um aumento de 55% entre julho de 2021 e junho de 2022.
No mesmo período a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, foi de 11,89%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início do mês de julho. Estes dados foram analisados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais da Faculdade Una Divinópolis (NEPES/Una), e para o cálculo foi considerado quatro dos alimentos presentes no café da manhã do brasileiro, sendo o leite, café, pão francês e margarina.
De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Wagner Almeida, os quatro produtos analisados fazem parte da cesta básica de alimentos levantada mensalmente em Divinópolis pelo NEPES/Una, de acordo com metodologia adotada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Wagner explica que de forma conjunta, estes itens do café da manhã tiveram uma alta maior que o dobro da inflação do período.
“Em 12 meses o grande vilão da mesa matinal do divinopolitano foi o café. No último ano a geada e a estiagem prolongada causaram impactos na produção e na safra de 2022, principalmente em Minas Gerais, que é o maior produtor do Brasil, o que consequentemente refletiu na diminuição da oferta”, destaca o professor.
Wagner ressalta que outro elemento que impactou fortemente o café da manhã foi a alta do trigo, com isso, em 12 meses o pão francês acumula alta de 48,6%. Sem falar de todos os outros produtos que levam a farinha de trigo em sua composição.
“Esses produtos subiram muito, acima da inflação do mês e mais do que a acumulada, decorrente também das dificuldades atuais do comércio internacional, causadas principalmente pela guerra na Ucrânia”, conta.
O professor ainda reforça que em 12 meses, ou seja, de julho/21 a junho/22, os produtos lácteos, também ocupam lugar de destaque e com altas acima da inflação acumulada, o leite (67,2%) e a margarina (31,4%) pesaram na inflação do café da manhã.
Variação mensal
Ainda de acordo com o estudo realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais da Faculdade Una Divinópolis (NEPES/Una), levando em consideração a variação dos preços entre maio e junho de 2022, os itens do café da manhã subiram, em média, 14,8%. O professor Wagner Almeida explica que comparado com a inflação do período que foi de 0,67% em junho, tem-se um aumento de 22 vezes o valor da inflação oficial, medida pelo IPCA.
“No mês, o vilão do orçamento foi o leite, com variação de 32,7% em relação a maio. Dentre as várias causas para este aumento, basicamente podemos considerar o período de entressafra, que é comum todos os anos, marcado pela baixa disponibilidade e qualidade das pastagens em função do período de seca”, afirma.
Wagner Almeida destaca que outro fator é o aumento dos custos de produção, como por exemplo, a alta no preço da ração animal, que reduz a rentabilidade do produtor e desestimula a produção. Para este fator, há de se considerar o impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia que elevou o preço de commodities como milho, soja, trigo e petróleo. Na cadeia do leite, a alta é sentida em todos os seus derivados em função da redução da oferta do produto.
“Outro item com forte impacto no mês foi o pão francês, decorrente da baixa oferta de trigo no mercado interno e a desvalorização cambial. Com o real desvalorizado frente ao dólar, o grão fica mais caro e impacta para o produtor já que maior parte desse insumo é importado”, explica Wagner.
O professor ainda enfatiza que o café que tem o maior histórico de alta nos últimos 12 meses, em junho apresentou uma variação mais branda (2,8%) em função do avanço das colheitas.
Pesquisa
Este levantamento teve por base os dados históricos dos preços médios dos itens do café da manhã coletados em supermercados de Divinópolis mensalmente. Vale destacar que esta análise trata somente de 4 dos 13 itens que compõe a cesta básica de alimentos. Não foram considerados aqui variações de outros itens comuns no café da manhã como iogurte, queijo, frutas, bolo e pão de forma. Se fosse considerar todos estes alimentos a inflação no mês e acumulada seria maior ainda.